Banco Mundial respalda instalação de papeleiras no Uruguai
2005-12-20
O Banco Mundial deu ontem (19/12) respaldo ao projeto de construção de duas plantas de produção de papel e celulose na costa do Uruguai. Com base em um estudo preliminar, a entidade sustentou que o projeto cumpre os requisitos técnicos e que não vai piorar a qualidade da água nem do ar.
– De uma perspectiva técnica, em termos de emissões das plantas, dizemos claramente em nosso estudo que as análises que fazemos demonstram que as fábricas cumprem nossos requisitos de melhores práticas–, afirmou Bill Bulmer, diretor adjunto do Departamento Socioambiental ligado àquela corporação mundial.
Deve-se, contudo, levar em conta que se trata de um informe preliminar. Agora, o Banco Mundial vai iniciar uma rodada de consultas durante dois meses, entre vizinhos da região e especialistas em meio ambiente, a fim de emitir um parecer definitivo.
Por esse motivo, as autoridades do Banco Mundial esclareceram que não tomarão uma decisão sobre o assunto – a entidade financiará a construção das papeleiras – até terem a conclusão de uma ampla consulta sobre o seu impacto, principalmente no turismo argentino, uma vez que as fábricas serão localizadas em área próxima à fronteira entre a Argentina e o Uruguai.
O projeto compreende a instalação de duas unidades de produção de pasta celulósica em Fray Bentos, no Uruguai. A vizinhança de Gualeguaychú, na província argentina de Entre Ríos, que está em margem oposta, opõe-se ao empreendimento porque considera que contaminará a região e acarretará conseqüências nocivas para o turismo e outras atividades econômicas.
Houve vários protestos neste sentido, e o último realizou-se no domingo (18/12), quando cerca de cinco mil pessoas marcharam até a Ponte Internacional General San Martín, que liga Gualeguaychú e Fray Bentos.
A marcha foi denominada Caravana da Resistência e, entre os manifestantes, havia uruguaios e argentinos. A organização do protesto foi do Fórum de Assembléias Ambientais da Costa do Uruguai, que nasceu da luta contra as papeleiras.
A marcha abarcou duas pontes internacionais: Gualeguaychú-Fray Bentos e Colón-Paysandú. Em Colón, entre outros, estava o Prêmio Nobel Adolfo Pérez Esquivel, clamando pela retirada das papeleiras. (Fonte: Clarín, 19/12)