Parque Nacional do Iguaçu: além das Cataratas
2005-12-20
A imensidão das cachoeiras que se perdem de vista, o som onipresente das
corredeiras e uma sensação de bem-estar. As Cataratas são a grande atração do
Parque Nacional do Iguaçu. Mas se seus planos de viagem, ao passar por lá, se
resumem a dar uma olhadinha nelas, é melhor começar a repensar o roteiro.
As opções do Parque são tantas e tão variadas que fica difícil escolher por onde
começar a visita. Desde caminhadas tranqüilas em contato com a rica fauna da
região até atividades com sabor de adrenalina, como rapel, rafting, arvorismo e
escalada. Para quem gosta do meio termo, um tour com barco bimotor que leva os
visitantes às margens brasileira e argentina do rio Iguaçu – de brinde, uma
vista indescritível.
No centro de visitantes, mapas e folders explicativos dão algumas dicas e ajudam
a desembaralhar as idéias. A taxa de visitação varia de acordo com a idade e a
nacionalidade. Crianças de até 6 anos pagam somente o ônibus de dois andares que
leva aos principais pontos do parque. Se derem sorte, podem viajar em
veículos pintados com seu animal preferido. As opções de desenho são
onça-pintada, borboleta, quati, macaco-prego, cobra coral, tucano, papagaio e
jacaré-do-papo-amarelo. Adultos têm de desembolsar de 7,50 a 15 reais para
desfrutar das atrações – sem contar com o valor do transporte, que chega a 4,90
reais. Estrangeiros pagam mais. Se forem da Argentina, Uruguai ou Paraguai,
ganham uma colher-de-chá. Moradores da região de Foz do Iguaçu têm desconto
especial e brasileiros com mais de 60 anos entram de graça.
Enquanto decide por qual ou quais passeios optar, vale dar uma passadinha na
loja com produtos personalizados de Foz do Iguaçu. Souvenirs, quatis de pelúcia,
camisetas e bonés são ótimas lembranças para se levar do parque. Ainda na fase
de preparação, crianças e adultos podem explorar uma exposição educativa
permanente. O objetivo é que os passageiros saibam um pouco mais sobre a fauna e
flora local antes de iniciar a viagem. Além da educação ambiental, o espaço
conta com uma sala de projeção para filmes em 3D com temas ligados à ecologia.
Chega, enfim, a hora de iniciar a aventura. Para dar uma mãozinha no momento da
escolha, O Eco traz aqui descrições das principais atrações.
Caminho verde
Ideal para quem quer contato intenso com a natureza, a trilha Poço Preto começa
por uma passarela suspensa de 320 metros, que conduz a uma estrada antiga de 9
km de extensão. Para esta opção, é bom que o aventureiro esteja com os
exercícios físicos em dia. O caminho maior pode se percorrido a pé ou de
bicicleta. Durante o trajeto, algumas paradas para descanso, observação de
pássaros com binóculos ou simplesmente para ouvir alguns ensinamentos dos guias
bilíngües. Ao final do percurso, uma trilha rústica de 500 metros leva o
visitante à Casa Mata, uma estrutura de madeira a 10 metros de altura, de onde é
possível avistar uma floresta riquíssima. É de lá também que se vêem os peixes,
répteis e aves que habitam a lagoa do Poço Preto.
Para a volta, uma boa notícia: não é necessário andar mais 9 km. O retorno pode
ser feito de barco bimotor, pelo alto do rio Iguaçu. Com um pouquinho mais de
coragem, a volta é realizada em ducks , pequenos barcos infláveis
parecidos com caiaques, que comportam duas pessoas. Antes disso, um rápido
treinamento ensina aos aventureiros como remar. Paradas em algumas ilhas do
trajeto fecham com chave de ouro a expedição, que chega a durar até 4 horas e
meia e custa 135 reais.
Há passeios mais leves, como a trilha das Bananeiras, um mini-trekking de 1,5 km
que sai por 105 reais. Para a volta, as mesmas opções oferecidas na trilha Poço
Preto, com a diferença de que este dura uma hora menos. Se a escolha for pelo
passeio das Ilhas, o visitante sai de Porto de Canoas e chega a 100 metros da
conhecida Garganta do Diabo – principal queda das Cataratas, com 90 metros de
altura —, além de navegar pelo lado argentino. A duração é de meia hora, e o
preço, 30 reais por pessoa.
Fechando o ciclo de atrações mais serenas, a Linha do Martins é uma espécie de
meio termo entre as opções anteriores. Por 225 reais, num período de 6 horas e
meia, os visitantes fazem trilha, passam por pontes, descansam na Casa Mata,
lancham, andam de barcos ou ducks. Durante a parada na Ilha dos Papagaios, uma
inesquecível visita ao dormitório de milhares de periquitos-maracanã. Isso se
der sorte de chegar por volta das 19h30min do horário de verão, que é quando os
pássaros estão se acomodando para o sono.
Adrenalina
Para os mais intrépidos, há esportes de todo tipo: tirolesa, rapel, rafting,
escalada ou arvorismo. Cada um tem sua peculiaridade. O rapel, por exemplo, é
feito a 55 metros de altura, com vista para as Cataratas do Iguaçu. Depois da
atividade, o visitante pode retornar pelas escadas, ou ainda fazer rafting ou
escalada na rocha. O arvorismo tem dois níveis de dificuldade: baixo e alto. O
circuito pode terminar com tirolesa. Os passeios variam de 30 a 80 reais por
pessoa e têm algumas exigências mínimas, como altura e idade dos participantes.
Entre os passeios com adrenalina, o carro-chefe é o Macuco Safari. Mais que
recomendado por aqueles que já fizeram, a expedição fica agitada quando os
aventureiros chegam ao rio Iguaçu. No início, desvendam a mata dentro de carros
elétricos, numa trilha de 3 km. Com sorte, alguns animais fazem a honra da casa.
Depois de uma caminhada de 600 metros, uma parada para contemplar o Salto do
Macuco. Aí a aventura começa. A 80 km/h, um barco leva os passageiros até muito
próximo dos saltos. O banho é inevitável. É recomendado que se vá com roupas
confortáveis, além de levar uma troca extra. Quem quiser ainda mais aventura, na
volta enfrenta as corredeiras de rafting. Todos os participantes – de iniciantes
a profissionais – passam por treinamento antes de descer o rio, que tem nível de
dificuldade três (numa escala que vai até seis). O Macuco Safari sai por 148
reais – sem contar os 80 do rafting.
Se depois de tantas sugestões você ainda não se decidiu por um passeio, aí vai
uma dica pra lá de persuasiva. Nos dias de lua cheia, a luz refletida nas águas
das quedas se transforma num magnífico arco-íris prateado. Um fenômeno não raro
de se ver, mas impossível de esquecer. Tem ainda os encontros com os simpáticos
quatis, tão acostumados com a presença de visitantes que os perseguem durante a
caminhada. Motivos suficientes para dedicar alguns dias do ano para conhecer o
parque. Ou precisa mais? (Aline Ribeiro, O Eco, 17/12)