Energia térmica garante abastecimento do país até 2010
2005-12-19
O leilão de energia realizado na sexta-feira (16/12) garantiu a construção de 20 novas usinas no país, de 51 empreendimentos negociados, e movimentou 68,4 bilhões de reais em contratos de fornecimento de energia até 2010, informou o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau.
Segundo Rondeau, 71 por cento dos participantes do leilão conseguiram fechar contratos para venda de energia.
— Do total de contratos negociados um terço foi de energia hídrica e dois terços de térmicas...se fosse ao contrário, seriam economizados 6 bilhões de reais -, afirmou o ministro a jornalistas ao final do leilão.
Rondeau destacou que devido aos obstáculos criados pelos órgãos ambientais, que não liberaram em tempo hábil as licenças prévias de 10 usinas que o governo pretendia colocar em leilão, vamos ter uma energia mais cara e mais poluente.
Após dez horas de negociações, o governo comemorou, no entanto, o resultado final, com a venda de 3.286 megawatts médios, garantindo o abastecimento de energia do país nos próximos anos. De acordo com o ministro, o abastecimento do país está totalmente garantido para 2005, 2006, 2007 e 2010, após o leilão, com pequenos déficits apenas para os anos de 2008 e 2009, de 1,2 por cento e 4,5 por cento, respectivamente, mas que serão solucionados com leilões de ajustes previstos para os próximos anos.
— Tecnicamente estamos com o abastecimento completo até 2010, e até com um pequena sobra neste ano (de 0,2 por cento)-, afirmou o ministro ao final do leilão.
As sete novas usinas, cuja concessão foram ofertadas no início da manhã, conseguiram vender o total de 804,6 megawatts ofertados, significando investimentos de 3,270 bilhões de reais, com entrada em operação prevista para 2010.
A estatal Furnas comprou três usinas sozinha e uma em parceria, a hidrelétrica de Baguari, de 140 megawatts e investimento de 487,5 milhões de reais, adquirida em conjunto com a Cemig e a Neoenergia-- controlada pela espanhola Iberdrola, única estrangeira no leilão de novas usinas.
Segundo o presidente da estatal, José Pedro Rodrigues, — o Brasil precisa de energia e a missão de Furnas é essa, ficamos felizes de contribuir com esse esforço-, afirmou, fazendo coro com o presidente da Eletrobrás, Aloísio Vasconcellos, que mais cedo também declarou que a holding iria cumprir com o seu papel responsável com o país.
Ele não quis comentar o preço de 116 reais criticado por vários setores da indústria por não dar retorno suficiente aos empreendimentos, afirmando porém que a empresa entrou sozinha na oferta por Simplício, a maior oferecida no leilão, de 333,7 megawatts e investimento de 1,441 bilhão de reais. A estatal adquiriu também a concessão da usina Paulista, de 52,5 megawatts, que custará 321,9 milhões de reais para ser construída.
Além de Furnas, a Eletrosul, outra subsidiária da holding estatal, também garantiu o aumento de geração do país com a compra da concessão da usina de São João, um investimento de 267,5 milhões de reais para gerar 77 megawatts. As outras novas usinas hidrelétricas, de menor porte, foram adquiridas pela Orteng Equipamentos, que comprou a usina de Retiro Baixo, com capacidade de 82 megawatts, e a empreiteira Alusa, que ficou com as usinas de Rio Claro-- após disputa com a estatal Eletronorte-- com potência instalada de 68,4 megawatts, e a usina de São José, de 51 megawatts.
O diretor da Alusa, César Luiz Pereira disse à Reuters que considerou um absurdo o preço estipulado para novos projetos térmicos, mas conseguiu vender a energia de projetos hidrelétricos no total de 126 megawatts, perto do preço teto de 116 reais o megawatt.
A franco-belga Suez Energy, controladora da Tractebel, não participou da disputa de novas usinas mas conseguiu fechar contratos da ordem de 6 bilhões de reais no leilão. Segundo a empresa, foram comercializados 200 megawatts médios das usinas de Ita e Machadinho a partir de 2010, ao preço de 115,10 reais o megawatt.
— Apesar do interesse em contratar energia proveniente de futuras usinas, os preços praticados no leilão não foram suficientes para viabilizar os projetos, neste momento -, afirmou a empresa em nota. (Reuters on-line, 16/12 – 22h)