A população mundial atinge nesta segunda-feira (19) o teto de 6,5 bilhões, de acordo com as estatísticas oficiais, lembrando que o número de humanos na Terra está em forte alta, mas cresce de forma menos rápida que o previsto.

O bebê de número 6,5 bilhões tem mais de uma chance em duas de nascer na Ásia, recordou à AFP Gilles Pison, responsável pela comunicação científica do Instituto Nacional dos Estudos Demográficos (Ined), que se baseia em estatísticas da ONU.

— Há 365.000 novos bebês a cada dia. Deste total, 57% nascem na Ásia, 26% na África, 9% na América Latina, 5% na Europa, 3% na América do Norte e menos de 1% na Oceania - explicou Pison.

No total, a cada 24 horas, a população mundial aumenta de 210.000 pessoas (365.000 nascimentos menos 155.000 mortes).

— Esse total corresponde a um país suplementar de 75 milhões de habitantes a cada ano. Se esse ritmo de crescimento se mantiver, as projeções deixam supor que seremos sete bilhões em 2012 ou em 2013 - destacou Pison.

Apesar de esses números serem impressionantes, estamos longe da explosão demográfica anunciada há 50 anos, quando os especialistas previam 15 bilhões de habitantes em 2050.

— No máximo, seremos 8 ou 9 bilhões em 2050 - afirma agora o Ined.

De fato, o crescimento demográfico caiu, por causa da diminuição da taxa de fecundidade.

— Mais da metade da humanidade vive em um país ou uma região onde a fecundidade está abaixo da média de 2,1 crianças por mulher, o nível que garante a substituição das gerações - ressaltou o Ined.

Apesar desta queda, a Terra - sobretudo os países do Sul, que concentram a maior parte da população mundial - deverão alimentar entre dois e três bilhões de pessoas suplementares nas próximas décadas.

— A África, em particular, terá sua população multiplicada por dois. Os diferentes países deste continente já têm dificuldades para promover um desenvolvimento sustentável. Será que eles conseguirão lidar ao mesmo tempo com a duplicação de sua população? - perguntou o Ined.

O patamar de seis bilhões de habitantes na Terra havia sido ultrapassada em outubro de 1999.

Entretanto, o número dos seres humanos é conhecido com uma margem de erro de alguns pontos percentuais. Assim, é possível que o teto simbólico dos 6,5 bilhões de habitantes no planeta já tenha sido ultrapassada há um ou dois anos, ou que ela seja ultrapassada daqui a um ou dois anos, admitiu o Ined.

— Para alguns países, existem margens de incerteza - nos censos, explicou Pison.

— Na Nigéria, por exemplo, cada censo levou a uma guerra civil. Eles são contestados ou pela parte norte do país, de maioria muçulmana, ou pela parte sul, de maioria cristã e animista. Trata-se de um instrumento de poder político - ressaltou. (Uol Notícias, 15/12)