Ibama faz fiscalização ostensiva contra desmatamento na Amazônia
2005-12-19
Uma fiscalização ostensiva nos 170 dias do verão amazônico, época mais propícia às queimadas, foi a principal estratégia apontada pela gerência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Amazonas para buscar a redução nos índices de desmatamento no sul do Estado. Os resultados desta fiscalização, contudo, devem aparecer em mapas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apenas no próximo ano.
Mas o balanço da Operação Uiraçu (nome de gavião amazônico) nas quatro bases no sul do Estado, apresentado nesta sexta-feira, já revela avanços. Foram apreendidos 21 mil metros cúbicos de madeira, cinco tratores e 15 motosseras. No ano passado foram apreendidos 14 mil metros cúbicos de madeira.
— Além da estratégia das equipes se revezarem nas bases durante todo o verão, outra inovação neste ano foram os mapas do Inpe - afirmou o gerente executivo do Ibama no Amazonas, Henrique dos Santos Pereira. Até o ano passado, os mapas de desmatamento do Inpe eram anuais e, desde o início deste ano, são divulgados a cada 16 dias.
De acordo com Pereira, nas fiscalizações feitas de 7 de maio a 2 de novembro foi constatado que o trecho mais crítico no desmatamento é no quilômetro 180 da Transamazônica, a BR 230 - que liga Palomita (PA) a Benjamin Constant (AM).
— Na altura da cidade de Manicoré, por conta da migração, destruímos muitos ramais para entrada na mata - contou.
Também foram considerados mais críticos os trechos da BR 364 - Rio Branco (AC) a Porto Velho (RO) -, cortando o município de Lábrea, e trechos da BR 317 - Lábrea (AM) a Triunfo (PA).
Os 12 doze municípios do sul do Amazonas mais atingidos pelo desmatamento são Lábrea, Guajará, Ipixuna, Eirunepé, Envira, Pauini, Boca do Acre, Canutama, Humaitá, Manicoré, Novo Aripuanã e Apuí. As quatro bases da operação Uiraçu ficaram em Boca do Acre, Humaitá, Apuí e Ipixuna.
Segundo dados divulgados pelo Inpe em junho deste ano, apesar de o Amazonas ter apresentado uma redução de 39% no índice de desmatamento de 2003 para 2004, o sul do Estado ainda é o maior foco.
Estudo mais detalhado apresentado em julho pelo Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) apontou um aumento de 16% na área desmatada no sul do Estado no ano passado em relação a 2003. A área destruída em 2004 foi de 8.238 quilômetros quadrados, ante os 6.926 quilômetros quadrados perdidos em 2003. (Estadão Online, 16/12)