Leilão viabiliza carvão gaúcho e usinas Candiota III e Jacuí I
2005-12-19
Os dois empreendimentos que por duas décadas foram considerados símbolos do
descaso com o carvão gaúcho sairão do papel. As termelétricas Candiota III, em
Candiota, e Jacuí I, em Charqueadas, foram viabilizadas no primeiro leilão de
energia nova, realizado sexta-feira (16/12), no Rio de Janeiro, pela Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e pela Câmara de Comercialização de
Energia Elétrica (CCEE). Candiota III vendeu 292MW (megawatts), ao preço
unitário de R$ 129,50. Os contratos de 15 anos com 22 distribuidoras garantirão
receita fixa de R$ 331,2 milhões por ano para a usina, a partir de 2010. O
faturamento no período será de R$ 4,8 bilhões. Jacuí I vendeu 254MW, também por
15 anos a contar de 2009, por R$ 129,28 o MW. A receita anual fixa será de R$
289,29 milhões.
– Conseguimos tirar Candiota do papel. Vai ser a maior obra da Metade Sul em 20
anos-, comemorou o presidente da Companhia de Geração Térmica de Energia
Elétrica (CGTEE), Júlio Quadros, que acompanhou o leilão. A empresa contará com
recursos chineses da Citic International Contrating para o investimento de 427
milhões de dólares. Segundo Quadros, as obras começarão até maio de 2006 e vão
gerar 1,5 mil empregos diretos e 3 mil indiretos. – É um investimento estratégico
para o Estado-, disse ele. Jacuí I, da empresa Eleja, que tem capital alemão,
receberá investimento de 285 milhões de dólares.
O secretário de Energia, Minas e Comunicações, Valdir Andres, ressaltou que a
viabilização dos projetos inaugura uma nova etapa no setor de energia. –
Começou a era do carvão. É uma grande vitória do Rio Grande do Sul-, destacou
ele, lembrando que o Estado detém 89% das reservas do mineral no país. A
operação das duas usinas dobrará a geração térmica a carvão no Estado, de 538MW,
equivalente a 13% da matriz energética gaúcha.
O primeiro leilão de energia nova movimentou R$ 68,4 bilhões, com a
comercialização de 3.286 MW, de 51 usinas hidrelétricas e termelétricas. Os
outros dois projetos previstos para o carvão gaúcho, Seival e CTSul, não
participaram. (CP, ZH, 17/12)