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2005-12-16
Procuradores da República de nove municípios do Rio Grande do Sul criaram nesta semana um grupo de trabalho para investigar a situação relativa ao plantio de florestas exóticas no Estado, bem como a possibilidade de eventual impacto ambiental em Unidades de Conservação Federal, que são bens da União.

A investigação será feita simultaneamente pelas procuradorias da República de Porto Alegre, Rio Grande, Santa Maria, Santana do Livramento, Santa Cruz do Sul, Caxias do Sul, Erechim, Uruguaiana e Bagé.

De acordo com os procuradores da República Carolina da Silveira Medeiros e Carlos Eduardo Copetti Leite, no primeiro momento serão levantadas informações, a partir de estudos realizados por especialistas na área e de autoridades, sobre possível impacto ambiental que possa ser causado ao Estado com o anúncio de um megainvestimento na indústria da celulose para o plantio de grandes áreas de florestas exóticas na metade sul do Estado.

Vários levantamentos técnicos anexados ao procedimento administrativo mostram os riscos que poderão advir ao ecossistema com a moncultura dessas árvores. — O professor Eduardo Lapport, da Universidade Federal de Camahue, em Barriloche (Argentina), por exemplo, em estudo publicado na revista Ciência Hoje, constatou que as espécies exóticas podem causar prejuízos sobre ecossistemas naturais e antrópicos, pois para cada exótica introduzida diminui o espaço para as nativas, aumentando os riscos de extinção de populações e eventualmente de espécies.

Já, o professor de botânica pela UFRGS Paulo Brack, ressalta que a questão das espécies exóticas, em especial o pinus, está ganhando dimensão crescente e extremamente preocupante, com conseqüências cada vez mais prejudiciais a nível ambiental e econômico no Rio Grande do Sul. O Inventário Ecológico sobre o Cultivo de Eucalipto, feito pela Comissão Pastoral da Terra de Minas Gerais, em 1991, mostra que essas árvores interferem no reabastecimento da umidade do solo e realimentação dos mananciais. Além disso, diz, quando plantadas em terras agrícolas férteis e exploradas em curtas rotações, destróem as condições de produtividade biológica, a fertilidade do solo e a capacidade futura de produção de alimentos onde foi instalada.

Diante das evidências levantadas, os procuradores da República estão requisitando informações, entre outros, à chefe do Parque Nacional da Lagoa do Peixe e ao secretário Estadual do Meio Ambiente. Também é solicitado que a Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luís Roessler (FEPAM) encaminhe cópias dos Estudos de Impacto Ambiental realizados relativamente a esses empreendimentos, de todas as licenças ambientais expedidas para a realização dos plantios, além do mapeamento das áreas de plantios de exóticas no Estado que sejam do conhecimento do órgão, com a indicação dos responsáveis.

Eles solicitaram, ainda, que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informe sobre o financiamento das atividades de plantio e cultivo de florestas exóticas. (Ministério Público do RS, 15/12)

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