Conferência reforça água como bem público
2005-12-15
Até o fim de terça-feira (13/12), o plenário da II Conferência Nacional do Meio
Ambiente havia avançado nos temas Água e Recursos Hídricos, Biodiversidade e
Florestas e Qualidade Ambiental. Foi aprovada, entre muitas deliberações, uma proibição à privatização da água em todo o País, reforçando a classificação do recurso natural como bem público. – A Constituição já afirma que a água é um bem público, mas as deliberações fortalecem esse posicionamento-, disse o secretário de Recursos Hídricos do MMA, João Bosco Senra.
Também foram aprovados artigos pela implementação do Plano Nacional de Recursos
Hídricos (PNRH), que será finalizado no início de 2006, e do Programa de Ação
Nacional de Combate à Desertificação, já em andamento. Outros pontos vieram
reforçar a aplicação de instrumentos de gestão dos recursos, como outorga,
cobrança e enquadramento de rios e outros mananciais.
Para Senra, esses resultados mostram que a sociedade está comprometida com as
política públicas de gestão, e envolvida na construção de políticas de águas
para o futuro, com foco na recuperação do que foi degradado e na preservação
do muito que ainda temos . Conforme o secretário, todo o processo de
elaboração do PNRH acabou contribuindo para qualificar os debates durante a
Conferência Nacional.
Sobre Biodiversidade e Florestas, um dos temas mais concorridos durante os
debates, houve várias recomendações para uma maior proteção e criação de áreas
protegidas em outros biomas brasileiros além da Amazônia, como Cerrado, Caatinga
e Pampa. Além disso, foi solicitado o reforço do Plano de Combate ao
Desmatamento na Amazônia, que possibilitou uma redução de 31% na taxa de desmate
entre 2004-2005.
Conforme o secretário de Biodiversidade e Florestas do MMA, João Capobianco,
algumas deliberações revelaram um verdadeiro clamor pelo encaminhamento
ao Congresso Nacional do Projeto de Lei de Acesso aos Recursos Genéticos. – A
sociedade quer a divulgação e a aprovação da nova lei-, disse. – Também foi
solicitado maior controle sobre a produção de organismos geneticamente
modificados, evitando impactos ambientais e sociais-, completou.
Para Capobianco, todo o material aprovado na Conferência se traduz em várias
possibilidade de trabalho para 2006. – Vamos implementar todas as deliberações
que forem possíveis, assim como foi feito após a primeira edição do evento-,
ressaltou. Cerca de 70% das deliberações da 1ª Conferência Nacional foram
cumpridas ou estão em andamento. – Várias recomendações terão influência nas
posições que o governo levará à Conferência sobre Diversidade no próximo ano, em
Curitiba. A sociedade já está auxiliando na COP8.-
No tema da Qualidade Ambiental, o tema da Política Nacional dos Resíduos Sólidos
teve destaque. Conforme o secretário de Qualidade Ambiental do MMA, Victor
Zveibil, exite pressão para a aprovação da lei que beneficiará o País com a
redução da geração de resíduos e responsabilização pós-consumo de produtores.
Quanto à importação de pneus, Zveibil afirmou que o problema é ambiental e de
saúde pública. – O Brasil trabalha essa questão no conceito reduzir, reaproveitar e reciclar-, disse.
Na conferência várias manifestações apoiaram o projeto que proíbe a importação
de pneus usados. – Enquanto o texto não for aprovado, portarias e decretos
impedirão a entrada desses resíduos no País-, completou o secretário.
A Conferência seguiu avaliando os temas Água e Recursos Hídricos, Biodiversidade
e Florestas e Qualidade Ambiental, além de Recursos Humanos, Estratégia Nacional
para o Desenvolvimento Sustentável e Fortalecimento do Sisnama. (MMA, 13/12)