Médicos apontam vínculos enganosos entre meio ambiente e câncer
2005-12-15
Quando Mike Gallo soube que tinha câncer, do tipo linfoma B, há dois anos, seus amigos e parentes disseram que sabiam como ele havia ficado doente. Segundo os amigos de Gallo, seu câncer havia obviamente sido causado por uma dioxina com a qual ele havia trabalhado por três décadas em seu laboratório. Afinal de contas, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) classifica a dioxina como provável carcinógeno humano. Entre os tipos de câncer que podem mais oferecer riscos, neste caso, está o linfoma.
Mas o Dr. Michael A. Gallo, diretor do Centro de Ciências da Saúde do Instituto Nacional para Saúde Ambiental da Escola Médica Robert Wood Johnson, em New Brunswick, Nova Jersey, disse aos seus conselheiros que não pensava assim. –Eu disse que não, pois conhecia os níveis de dioxina no meu sangue–, afirmou o Dr. Gallo, explicando que havia medido os mesmos quando trabalhou com a substância química. Segundo ele, seus níveis eram baixos. E não havia formas de eles se elevarem a ponto de causarem um câncer.
Contudo, muitos amigos e parentes de Gallo permaneceram convencidos do que acreditavam. –É assim que as pessoas pensam–, assinalou Gallo said. –Se você tem câncer, deve haver uma razão–.
E deve mesmo haver uma razão, diz Galo e dizem outros cientistas. Mas atribuir câncer a traços de veneno no meio ambiente ou mesmo no local de trabalho está se tornando uma tarefa complicada, diz ele. Há progressos recentes que tratam dessa questão, mas as respostas, para muitas pessoas que acreditam nessa relação, continuam enganosas.
Para o Dr Robert Hoover, diretor do Programa de Epidemiologia e Bioestatística Instituto Nacional do Câncer, quanto a esta relação, –caímos em especulações baseadas em alguns dados, mas não temos a informação de que necessitamos–.
Membros de grupos de defesa concordam que há muito a aprender, mas afirmam que as questões são muito importantes para serem desconsideradas por aqueles que dizem que a pesquisa é difícil ou traz questões complexas. –A ciência é muito específica–, afirma Linda Gillick, fundadora do Oceano de Amor, um grupo de apoio a crianças com câncer no condado Ocean, em Nova Jersey.
Os pesquisadores afirmam não ter desistido da questão. Em sua busca por respostas, eles estão tentando vários métodos confiáveis para detectar as exposições ambientais e determinar até que ponto elas estão relacionadas ao câncer. Eles estudam um conjunto concorrente de fatores que podem determinar os efeitos das substâncias químicas sobre pessoas individualmente. Segundo o Dr. Hoover, boa parte dos cientistas considera que apenas uma pequena parte dos casos de câncer devem ser causado por exposição a baixos níveis de venenos ambientais. (N Times 14/12)