Com 662 quilômetros, gasoduto passará por sete municípios do Amazonas
2005-12-14
O projeto do gasoduto Coari-Manaus prevê uma extensão de 662 quilômetros, passando por sete municípios até chegar à capital do estado do Amazonas – a única do país cuja energia elétrica é gerada a partir do óleo diesel.
A obra, que custará cerca de US$ 500 milhões, deverá gerar somente no estado cerca de 3.400 empregos diretos e outros 10.200 indiretos. Para isso, a Petrobras assinou em novembro empréstimo-ponte com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), de R$ 800 milhões a serem concedidos à Sociedade de Propósito Especifico Transportadora Urucu Manaus S/A, responsável pelo projeto.
Serão escoados mais de 5 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural, a serem consumidos em grande parte pelas usinas termelétricas que fornecem energia para a região a partir do óleo diesel. De acordo com a Petrobras, uma outra parcela do combustível será destinada ao atendimento a indústrias, residências e veículos.
Localizada a 650 quilômetros de Manaus, a província petrolífera de Urucu é uma das maiores do país, em terra. Com uma produção média de 60 mil barris de petróleo e 9,5 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia – atualmente transportados pelo Rio Solimões –, Urucu está encravada na floresta amazônica. Mas a excelência ambiental já rendeu à Petrobras os principais certificados internacionais de segurança e proteção ao meio ambiente. (Agência Brasil, 14/12)
Ambientalistas denunciam que obra pode inaugurar nova década da destruição
Em uma das áreas mais preservadas da Amazônia brasileira, a 700 km de Manaus, a empresa estatal Petrobras planeja construir dois novos gasodutos para a expansão da produção de gás e óleo das reservas de Urucu. Este empreendimento, entre os vinte maiores projetos de infraestrutura do país, é um dos mais arriscados e menos divulgados esquemas do plano Avança Brasil. A rota do gasoduto pode abrir as portas para que madeireiros, mineiros, fazendeiros e lavradores provoquem o desflorestamento de áreas primitivas, em alguns casos habitadas por grupos indígenas extremamente isolados e vulneráveis, como os Apurinã, Paumari, Deni e Juma.
Em 1998, a Petrobrás construiu a primeira parte do gasoduto. São 280 km de extensão partindo da reserva de Urucu, no Rio Urucu, até a cidade de Coari. Ao longo de seu trajeto, o gasoduto provocou impactos desastrosos nas comunidades locais e na floresta. A Petrobrás planeja agora a construção de duas extensões. Caso se concretize, o projeto terá impactos ainda mais graves, pelo fato de que a obra “rasga” a floresta amazônica em sua parte mais intacta e vulnerável. O gasoduto, ao abrir caminhos de colonização nessa região frágil, pode inaugurar uma nova década de destruição da Amazônia, sem precedentes até o momento, equiparando-se, talvez, apenas à construção da rodovia Transamazônica.
O primeiro gasoduto, de 550 km de extensão, iria de Urucu a Porto Velho (Rondônia) e o segundo, de 420 km de extensão, de Coari a Manaus (Amazonas). Inicialmente, a Petrobrás considerava fazer a compressão do gás natural numa usina que deveria ser construída em Urucu e transportar esse gás líquido natural por rio, em barcaças, para Manaus, Porto Velho e outras cidades do Amazonas. Inclusive, foi com este plano que foi justificada a hidrovia do madeira, já realizada. Entretanto, depois da construção da hidrovia esse plano foi abandonado e substituído pela construção dos gasodutos.
Para a concretização da obra, será necessário construir duas estradas de 15 a 30 metros de largura, por toda a extensão dos gasodutos. Essas estradas ligariam as duas maiores cidades da Amazônia brasileira – Manaus e Porto Velho, inaugurando uma nova frente de migração, ocupação e destruição.
Os novos gasodutos levarão gás natural a usinas elétricas como a Estação de Energia de Porto Velho em Rondônia, assim como aos estados do Amazonas e do Acre. A companhia internacional de energia El Paso, de Houston, nos EUA, é dona majoritária das duas maiores usinas elétricas favorecidas por esses gasodutos e, portanto, a grande beneficiária. A El Paso já controla mais de 76% da energia gerada no estado do Amazonas e está se tornando líder na produção de energia de Rondônia.
Veja o vídeo O próximo acidente da Petrobras
Duração: 14 Minutos
Para banda larga:
http://www.amazonia.org.br/documentos/media/videos/banda_larga/gasoduto.wmv
Para assistir via modem (56 k):
http://www.amazonia.org.br/documentos/media/videos/modem/gasoduto_modem.wmv
(Informações de Amazônia.org.br)