Governo do Cazaquistão quer ressuscitar o Mar Aral
2005-12-14
Os mapa mundi mentem. Consulte-se o mais moderno e lá estará à vista a fronteira ente o Cazaquistão e o Uzbesquistão. E poderá ser visto um grande lago de forma arredondada: é o Mar Aral, com a ilha Renascimento em seu centro. Mas ao olhar-se uma foto aérea do mesmo lago atualmente, poderá ver-se que a superfície azul do Aral não apenas minguou bastante, mas que tem uma forma de pepino, com vários cúmulos aquosos ao norte, separados da massa principal.
Desde que a ex-União Soviética começou, nos anos 30, a dessangrar o lago para desenvolver seu oásis de algodão em pleno deserto asiático, o Mar Aral não deixou de se modificar. Resignados com seu desaparecimento, os soviéticos chegaram a tachar o Aral de –erro da natureza–, enquanto não cessavam de roubar suas águas com canais de irrigação de baixa qualidade, que deixavam escapar parte da água por evaporação ou filtração.
Os rios Sir-Daria e Amu-Daria, que vertiam suas águas no Aral, foram assolados ao longo de três mil quilônetros. De quarta posição no mundo, em extensão, em 1960, com 68 mil quilômetros quadrados, o Aral passou ao final dos anos 90 a ocupar a oitava posição, com 28 mil quilômetros quadrados.
A superfície do Aral se reduziu 60%, e seu volume, 80%. Os povos costeiro que viviam da indústria pesqueira ficaram literalmente na pedra diante do recesso das águas do lago, e seus barcos ficaram ancorados no deserto. A ilha Renascimento, que ocupava o centro do Aral – onde foi habilitado um laboratório secreto de armas biológicas – cobverteu-se em uma penísula no início do ano 2001, pela redução incessante da água.
Em uma tentativa desesperada por aliviar a desertificação irreversível do Aral, autoridades da república ex-soviética do Cazaquistão iniciaram, há três anos, um plano para recuperar sua porção norte. Para tanto, levantaram um dique de cimento de 14 quilômetros de largura entre as duas metades, de forma que a água que entra no mar, procedente do Rio Sir-Daria, não escape para a metade sul do vizinho Uzbequistão, fenômeno que ocorre devido ao desnível de 11 metros que existe entre ambas as zonas.
–Para o ano de 2008, nossa parte do mar estará coberta de água, que chegará até a cidade portuária de Aralsk. Isto melhorará a situação na cidade e ocupará novamente seus habitantes e a indústria pesqueira–, explica Baitulin Issá, conselheiro da Academia de Ciências do Cazaquistão em Alma-Atá. (EFE, 14/12)