Pantanal começa a se recuperar de maior seca dos últimos 32 anos
2005-12-14
A paisagem do Pantanal, em Corumbá (MS), aos poucos começa a se recuperar da seca que foi a maior dos últimos 32 anos na região e atingiu o pico em novembro. O meteorologista Natálio Abrão disse que choveu nesta terça-feira na região de cabeceira do rio Paraguai. Segundo ele, a previsão é de chuva até o fim do mês.
Mas nem mesmo essas chuvas e as que atingiram o Estado na semana passada foram suficientes para elevar as águas do Paraguai a níveis normais. Segundo o 6º Distrito Naval da Marinha, o nível do rio ontem estava 15 cm abaixo da média para o mês de dezembro, que é de 1,37 m.
O Pantanal atravessou neste ano a pior seca desde o período que foi de 1964 a 1973, época na qual o nível do rio Paraguai chegou a ficar 61 cm abaixo do zero da régua de marcação que fica na cidade de Ladário.
Nos dias 8 e 9 do mês passado, o nível do rio chegou a 88 cm. Outro indicativo da situação atípica foi o nível máximo atingido neste ano, em junho: 3,29 m, bem abaixo dos 4 m, marca de alerta. O maior pico, de 6,56 m, foi atingido em 1995.
O pesquisador Sérgio Galdino, da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) no Pantanal, avalia que a região possa estar diante de um novo ciclo de seca.
— A cheia de 2006 será muito importante, pois se o nível máximo na régua de Ladário for inferior a quatro metros, o Pantanal iniciará um novo ciclo de seca - disse.
Pesca
Ao longo dos mais de 100 km da estrada Parque - que não tem asfalto e corta a planície pantaneira - baías anteriormente secas começaram a ganhar volume devido às chuvas nas cabeceiras dos rios.
Muitas delas ainda estão secas, o que torna desnecessária, ao menos até voltar a cheia, parte das pontes na estrada parque. Com a volta da chuva, começam a se formar atoleiros na estrada onde trafegam de carros de turistas a caminhões que transportam gado.
O capitão Joilson Queiroz, comandante da PMA (Polícia Militar Ambiental) em Corumbá, disse que não foi constatada, por enquanto, a ação de pescadores ilegais na região.
Desde o início de novembro, a pesca está proibida no Pantanal devido à época de reprodução de peixes. Segundo Queiroz, havia o temor de que, com o rio Paraguai mais estreito por conta da estiagem, redes fossem armadas para captura peixes que sobem à cabeceira para desovar. (Agência Folha, no Pantanal, 13/12)