Ingleses temem toxinas no subsolo após explosões em depósito de combustíveis
2005-12-14
Agentes do governo estão investigando se substâncias potencialmente prejudiciais à saúde, como querosene e petróleo, vazaram para rios ou outros cursos d água, podendo contaminar o subsolo, após as explosões registradas no domingo (11/12) em um depósito de combustíveis perto de Londres. – Por enquanto, nenhuma evidência sugere que isto tenha ocorrido, contudo a situação está sendo monitorada constantemente–, afirma um porta-voz da Agência Ambiental.
Ainda estão sendo realizados trabalhos para conter a fumaça. – Estamos trabalhando na coleta manual de amostras da fumaça para saber claramente sobre do que ela exatamente é constituída. Precisamos saber mais sobre isto antes de entender quais as implicações de longo prazo que poderá haver, se houver, a partir deste tipo de exposição–, afirma Jane Halpin, diretora da área de Saúde Pública da localidade de Hertfordshire, onde ocorreu o incidente. Ainda conforme ela, lidar com incêndios não é algo incomum, é apenas o tipo e o tamanho que são diferentes.
A Agência de Proteção Ambiental também está monitorando a situação a fim de observar quaisquer implicações à saúde pública. Pesquisadores agora estão tentando avaliar as causas das explosões. Uma das teorias é que possa ter ocorrido um vazamento catastrófico de petróleo durante um período considerável de tempo, ao ser criada uma nuvem de vapor que repentinamente entrou em ignição.
Uma das dificuldades de se saber o que de fato houve é que muitas organizações fizeram algum tipo de observação no sítio do acidente. O depósito de Buncefield é parte de uma rede nacional de áreas de armazenamento de petróleo e dutos que abastecem de combustível as refinarias em estações costeiras e aeroportos ao redor da Inglaterra.
A área é um depósito de gasolina, querosene de aviação e diesel. Os três terminais tem uma capacidade estimada a mais de 150 mil metros cúbicos quando estão cheios. Eles são operados pela Agência Britânica de Dutos (BPA), que é uma propriedade conjunta da Shell e da British Petroleum (BP); pela Armazenamento de Petróleo de Hertfordshire, cujos proprietários são a Total e a Texaco; e o terceiro é operado pela BP. Cinco dutos servem esses terminais. Desses, quatro são operados pela BPA, e o quinto é da TotalFinaElf, um consórcio de três empresas de petróleo.
Um porta-voz da BPA disse que havia um sistema bem elaborado de alarmes automáticos e alertas em Buncefield a fim de advertir os operadores sobre qualquer vazamento, o que produziria um grande risco de explosões e incêndios acidentais.–Uma explosão catastrófica como esta é um evento não usual, certamente neste país. Estamos mantendo mente aberta neste caso-, disse Halpin.
Logo que o alarme de incêndio soou após a primeira explosão, o abastecimento de combustível dos dutos para o depósito parou automaticamente, como designado em casos de emergência, segundo o porta-voz. A maioria dos dutos comporta múltiplos produtos. Isto significa que eles levam diferentes graus de produtos refinados de petróleo, como gasolina e diesel.
O duto da TotalFinaElf abastece com petróleo e diesel de aviação o depósito de Buncefield a partir da refinaria de petróleo Lindsey em Killingholme, Lincolnshire. Os dutos da BPA também carregam os mesmos produtos para o depósito de Buncefield a partir das refinarias em Coryton, no estuário do Tâmisa, a sudoeste, na refinaria de Stanlow, localizada em Merseyside.
A BPA tem também dutos gêmeos que abastecem os aeroportos de Heathrow e Gatwick. Buncefield é o quanto mais o depósito de petróleo na Grã-Bretanha e faz parte da Rede de Dutos de Petróleo do Reino Unido, que é de propriedade de um consórcio de empresas de petróleo e inclui mais de 400 milhas de dutos subterrâneos.
Não existem refinarias no sítio de Buncefield, que está em operação desde os anos 60, e os produtos são lá armazenados para distribuição em períodos seguintes. Há outros sítios de armazenamento para suprir o aeroporto de Heathrow, de modo que não há perigo iminente de falta de combustível de aviação, informou o porta-voz da BPA. Outros depósitos não foram afetados pelo desastre, e não há necessidade de pânico, assinalou ele. Contudo, formaram-se ontem longas filas em algumas estações de abastecimento de petróleo. (Fonte: The Independent, 14/12)