Grupo Orsa e governo do Pará assinam termo para execução de manejo florestal
2005-12-13
O Governo do Estado assina hoje (13/12) um termo com o Grupo Orsa para preservar
um patrimônio florestal de quase 550 mil hectares e inserir mais de 60
comunidades tradicionais nas atividades da cadeia produtiva do Projeto Jari.
O termo possibilitará que as empresas Jari Celulose e Orsa Florestal, ambas do
Grupo Orsa, executem projetos de manejo florestal sustentável, já devidamente
aprovados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama).
O termo, no entanto, não reconhecerá os direitos de propriedade particular sobre
a área de 545 mil hectares, cuja regularidade documental está sendo examinada
pelo Iterpa. É nessa área, localizada no município de Almeirim, que o Grupo Orsa
mantém o maior projeto de manejo florestal da América Latina com certificação da
Forest Stewardship Council (FSC) - o Conselho de Manejo Florestal -, uma
organização não-governamental criada em 1993 para lutar pela conservação
ambiental e pelo desenvolvimento sustentável das florestas.
Por meio do acordo, o Governo do Estado busca evitar o avanço de agentes
orientados a devastar a área certificada. O termo terá validade de um ano. A
renovação fica condicionada ao cumprimento de cada etapa do projeto de manejo e
de todos os compromissos assumidos pelas empresas beneficiárias perante os
órgãos estaduais e federais.
Em parceria com o Iterpa, o Grupo Orsa deverá fazer também um levantamento
socioeconômico das comunidades tradicionais que vivem no Vale do Rio Jari. Após
esse levantamento, serão feitos planos de regularização fundiária e de
desenvolvimento para as comunidades. Esses projetos de desenvolvimento devem ser
elaborados e executados pelo Governo do Estado e pelo Grupo Orsa. Todo o
processo será acompanhado pelo Ministério Público Estadual.
A presidente do Iterpa, Rosyan Britto, explica que a demanda por regularização
das comunidades do Vale do Rio Jari é antiga. Segundo ela, o Iterpa já iniciou
um levantamento socioocupacional na região e identificou 62 comunidades
tradicionais. – Depois da assinatura do acordo, vamos retomar esse trabalho.
Nosso objetivo é identificar os ocupantes das áreas e titular quem tem direito,
ou seja, quem é morador habitual e possui cultura efetiva na área. Em seguida,
discutiremos com a Jari a inclusão dessas comunidades no processo de
desenvolvimento-, disse ela.
Segundo o assessor da Secretaria Especial de Produção, José Alberto Colares,
depois da identificação das comunidades, as áreas onde elas vivem serão
separadas do projeto de manejo florestal do Grupo Orsa. – Estamos solucionando
algumas questões. De um lado, vamos conseguir dar continuidade ao projeto de
manejo do Grupo Orsa e garantir a preservação de uma grande área de floresta
certificada. Por outro lado, vamos regularizar as comunidades tradicionais que
estavam dentro do projeto de manejo-, disse.
Colares destacou ainda que, se for comprovada que a propriedade da área em
questão pertence, de fato e de direito, ao poder público estadual, ou seja, se
for desfeita a presunção de domínio existente em favor das empresas do Grupo
Orsa, as beneficiárias do acordo deverão indenizar o Estado do Pará pelo uso
dos recursos florestais constantes nas áreas de abrangência dos projetos de
manejo aprovados pelo Ibama, em valor atualizado de mercado, conforme diretrizes
estabelecidas pela Sectam .
O Grupo Orsa atua há cinco anos no Pará. A Jari Celulose é uma das maiores
empresas instaladas no Estado. Responde por cerca de 60% da arrecadação do
município de Almeirim. A empresa produz, por ano, 360 mil toneladas de celulose.
Atualmente, 94% da produção da Jari Celulose é exportada, sendo 65% para a
Europa, 18% para a Ásia e 15% para os Estados Unidos. (Governo do Pará, 12/12)