Livro destaca pensamento paisagístico de Lutz
2005-12-13
José Lutzenberger ficou conhecido em todo o mundo por seu papel ativo nas lutas ambientais e no combate à destruição da natureza. Entretanto, o agrônomo, paisagista e fotógrafo Paulo Backes entende que o trabalho de paisagismo do ambientalista também deve vir a conhecimento do público. Com essa intenção, lançou na semana passada pela editora Paisagem do Sul o livro Lutzenberger e a Paisagem.
– A minha principal motivação foi difundir o pensamento paisagístico de Lutzenberger-, afirma o autor. – É importante que as pessoas saibam que ele tinha ideais diferenciados sobre o assunto, a crença em uma interação entre os fatores naturais como o solo e as rochas e os biológicos, como o homem e a fauna. E ele sabia respeitar tudo isso-, completa.
De acordo com Backes, a convivência com quem ele chama de mestre do conhecimento foi uma verdadeira lição, que nascia ao observar Lutz lidando com elementos do meio ambiente. – Conheci Lutzenberger quando fui fazer um curso no Rincão Gaia e, mais tarde, encontrei-o de novo quando trabalhei na empresa dele-, conta. Pela sua influência pude trabalhar o paisagismo, que sempre foi meu sonho-, acrescenta.
Escritos de Lutzenberger integram a obra
O livro é elaborado a partir de escritos do ambientalista e de textos e fotografias do autor. – É um dueto entre arte e ecologia, textos e imagens-, define o autor. A publicação inclui conceitos defendidos por Lutzenberger. Um dos principais, a Teoria de Gaia, vem de um nome dado pelos gregos a uma deusa, personagem mitológica que simbolizava a Terra. A teoria moderna, proposta pelos cientistas James Lovelock e Lynn Margulis, entende o planeta como um superorganismo . As semelhanças entre os dois iriam mais além. Tanto a deusa quanto a Terra seriam a fonte e o sustento da vida, e qualquer agressão ambiental não seria perdoada. Lutz baseava-se nesses preceitos e acreditava que homem e natureza deviam estar sempre integrados.
Outro enfoque da obra está nas principais paisagens admiradas pelo ambientalista – o Pampa, por exemplo – bem como outras que ele mesmo executou. O Rincão Gaia, construído sobre uma antiga jazida de basalto, demonstra, segundo Backes, a predileção do ambientalista para trabalhar em cima de lugares machucados pelo homem. – Da mesma forma como o Parque da Riocell [hoje da Aracruz], ele queria sempre consertar a natureza-, destaca.
A publicação contou com incentivos estaduais para ser produzida e, embora o projeto tenha sido aprovado em 2003, as verbas só foram disponibilizadas em 2004. – O maior atraso, na verdade, ficou no burocrático . Aprovar não foi difícil, complicado foi encontrar patrocinadores e conseguir o dinheiro necessário-, ressalta o autor. Lutzenberger e a Paisagem (208 páginas) pode ser encontrado nas principais livrarias do país.
Por Patrícia Benvenuti