O Palácio do Planalto pretende encerrar nesta semana as discussões sobre o atual projeto de transposição do rio São Francisco que foram retomadas dois meses atrás por conta da greve de fome de dom Luiz Flávio Cappio. Na quinta-feira, o presidente Lula receberá o religioso em seu gabinete para colocar um ponto final nos debates e já iniciar as obras em janeiro.

Liderados por dom Luiz, bispo de Barra (BA), os contrários ao atual projeto de transposição sabem que têm uma semana decisiva: na quarta e quinta-feiras, promovem em Brasília o seminário Que Todos Tenham Vida. Do encontro sairá um documento a ser entregue a Lula.

A avaliação no governo, porém, é que após o encontro de quinta-feira o acordo fechado em outubro com dom Luiz já estará cumprido. Lula quer as obras a todo vapor em 2006, quando deve disputar a reeleição. Ao dar as discussões como encerradas, o Planalto, então, lutaria apenas para derrubar uma liminar da Justiça Federal na Bahia e, a seguir, obter uma licença ambiental definitiva do Ibama. O governo espera liquidar a questão judicial neste ano.

— Do ponto de vista técnico, o projeto está pronto para ser iniciado. E naturalmente a decisão política será do presidente da República - afirma Pedro Brito, coordenador-geral do projeto.

Desde o início de outubro, quando o Planalto teve de adiar o início das obras para que dom Luiz Cappio encerrasse uma greve de fome de dez dias contra o projeto, o governo tem trabalhado para liquidar logo tal acordo. Nesses dois meses, realizou seminários, colocou o ministro Ciro Gomes (Integração Nacional) para falar à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e, finalmente, agendou a audiência do bispo com o presidente. (Folha de S. Paulo, 12/12)