Parque estadual baiano cria banco de sementes e faz recomposição da flora com ajuda de posseiros
2005-12-13
Desenvolvimento e meio ambiente podem ser aliados. Uma iniciativa baiana mostra que, apesar das dificuldades inerentes à implantação de qualquer Unidade de Conservação, com esforço e boa vontade, a natureza pode ser conservada sem que, com isso, se prejudique a atividade econômica da região.
O Parque Estadual da Serra do Conduru, com 9.275 hectares, abrange parte dos municípios de Itacaré, lhéus, Uruçuca, na Bahia. O empreendimento resguarda um rico acervo de biodiversidade, com cerca de 458 espécies diferentes de árvores por hectare, e representa um dos mais importantes blocos de remanescentes florestais de Mata Atlântica da Costa Nordestina, segundo dados da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos.
O parque ainda sofre pressões, abastecendo madeireiras principalmente nas regiões de Ilhéus, Itabuna e Itacaré, mas não conta com efetivo próprio de fiscalização, lamenta o diretor da ONG Instituto Floresta Viva, Rui Rocha, reforçando uma necessidade de qualquer Unidade de Conservação.
Mesmo assim, a estrutura florestal está estável, segundo ele, com áreas de regeneração expressivas devido às condições climáticas favoráveis e ao trabalho desenvolvido em um banco de sementes.
A estrutura hídrica também está em boas condições de conservação, permitindo o abastecimento de 500 mil habitantes das cidades vizinhas pelos rios Contas e Almada, que formam a Lagoa Encantada.
Este ano, foi concluído o Plano de Manejo do parque, com as recomendações para os próximos quatro anos. O maior desafio, segundo Rocha, é a regularização fundiária. O Conselho Gestor, do qual o Instituto Floresta Viva faz parte, está conseguindo minimizar a especulação imobiliária, segundo ele.
Foi realizada uma operação com posseiros, em que 35 famílias plantaram 35 mil mudas.
— Foi um trabalho desenvolvido ao longo de seis meses, desde a produção das mudas até o plantio - explica Rocha, dizendo ainda que 40 famílias, antes residentes na área do Parque, foram direcionadas à Fazenda Vale Negro, um assentamento do Incra vizinho à unidade.
De acordo com Rui Rocha, os cuidados com o meio ambiente também estão relacionados à condicionante do financiador (Banco Interamericano de Desenvolvimento, BID) para a ampliação da rodovia BA 001, que liga Ilhéus a Itacaré. Serão construídos mais 50 quilômetros aproximadamente, segundo ele, a partir do que a rodovia deverá chegar até Camamu.
— Os ambientalistas estão atentos à implementação do parque, também por estar vinculado a investimentos de infra-estrutura de turismo no sul da Bahia – diz Rocha. (AmbienteBrasil, 12/12)