Globo Ecologia faz 15 anos e reprisa clássicos
2005-12-13
Quem gosta de meio ambiente foi presenteado com bastante antecedência neste
Natal. Para comemorar os 15 anos do Globo Ecologia, o primeiro programa dedicado
ao assunto que realmente vingou na TV brasileira, as séries de maior audiência
começaram a ser reprisadas no dia 3 deste mês. A colher de chá dura até
fevereiro.
Nos próximos meses, quem já está de pé às 7h15min da manhã de sábado poderá
conferir na Rede Globo programas dedicados ao mico-leão dourado, a personagens
como o marechal Cândido Rondon e Orlando Villas-Bôas, e uma série sobre os
Estados Unidos. Quem não é de cair da cama, pode ligar a televisão, no mesmo dia,
às 10h05min na Globonews, às 13h na TVE ou às 21h no Canal Futura.
O Globo Ecologia foi idealizado pelo jornalista Cláudio Savaget. Ele foi
contratado pela Globo em 1978 para trabalhar nos telejornais, mas três anos
depois conseguiu casar a sua carreira na empresa com o assunto que mais lhe
interessava: meio ambiente. Ao cobrir o surgimento dos primeiros projetos de
preservação no Brasil, como o Tamar e o Peixe-Boi, teve a idéia de produzir
documentários de média metragem sobre educação ambiental. Além de uma série de
reportagens para televisão e mídia impressa. Em parceria com a Fundação Roberto
Marinho, divulgou o material de graça em escolas e universidades, e a iniciativa
ficou conhecida oficialmente como Projeto Ecologia.
– O movimento ambiental no Brasil começou a decolar em 1981. Nessa época, me
aproximei da Fundação Roberto Marinho e trouxe para eles esta proposta. Como
tinha financiamento, me preocupava apenas em distribuir os documentários e as
matérias -, conta Savaget. O projeto foi premiado por três anos consecutivos.
Em 1984, Cláudio Savaget foi para o Globo Repórter, onde sugeriu os primeiros
temas ambientais abordados pelo programa. Um assunto corrente era a valorização
dos parques nacionais, que começavam a se proliferar. – O Boni não se convencia
tão facilmente. Sempre repetia que lá vinha eu com aquele papo de bichinhos,
quando tinha tanta gente morrendo de fome -, revela o jornalista.
Produção independente
Foi de Savaget a idéia de criar um programa que tratasse exclusivamente de
ecologia, em 1988. Dois anos depois, com patrocínio do Ibama, o Globo Ecologia
foi ao ar em 4 de novembro, num domingo de manhã. O primeiro formato já tinha 20
minutos de duração e trazia notícias ambientais e iniciativas positivas, dicas
de preservação e até imagens realizadas pelos próprios telespectadores. A
responsabilidade pela produção era toda de Savaget, como é até hoje, por meio de
sua produtora Raiz Savaget.
O patrocínio do Ibama durou dez programas. Depois, foi a vez da ong WWF adotar a
atração durante cinco episódios. A partir de então, a produção da Raiz Savaget
foi bancada pela própria Globo.
A partir do quinto ano, o programa passou para sábado e os episódios se tornaram
monotemáticos. – Gastávamos muito tempo e dinheiro para apresentar algo
multifacetado -, diz Savaget. Surgiram então as grandes séries, uma tentativa de
aprofundar os temas e atrair audiência. A idéia deu certo, e o programa viajou
por todos os estados brasileiros, América Latina, Estados Unidos e vários países
da África.
O Globo Ecologia também passou a apresentar ao público pessoas que trabalhavam
de alguma forma com a natureza. Foram seus convidados a atual ministra Marina
Silva, ainda em 1994, o antropólogo e escritor Darcy Ribeiro e o artista
plástico Frans Krajcberg. – Dessa forma, conseguíamos manter uma visão
abrangente dos temas ambientais-, explica Savaget.
Usar quase todo o elenco da novela das oito como apresentadores também foi uma
maneira encontrada de atrair audiência ao longo dos anos. E a união de
jornalismo com aventura, como sugere o formato do programa, firmou-se como opção
para abordar a questão ambiental, com histórias de preservação e denúncias.
– Não é possível manter um programa desses por 15 anos sem usar certos
artifícios-, revela Savaget. – Buscamos aliar meio ambiente até com poesia.
A
proposta deu certo. Hoje, o Globo Ecologia tem cerca de 6,5 milhões de
telespectadores, com média de 3 a 4 pontos no Ibope, apesar do horário ingrato.
O programa já ganhou 18 prêmios. (Juliana Tinoco, O Eco, 10/12)