Em seu discurso ao receber o Prêmio Nobel da Paz em Oslo, neste ano, o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed ElBaradei, disse: –Não tenho dúvida de que, se esperamos escapar da autodestruição, então as armas nucleares não devem ter lugar em nossa consciência coletiva, nem papel em nossa segurança–.

Conforme Elbaradei, –até o fim, devemos assegurar –absolutamente– que nenhum outro país adquira essas armas mortais. Devemos ver que os Estados que detêm armas nucleares têm papel concreto rumo ao desarmamento nuclear. E devemos colocar em ação um sistema de segurança que não dependa da causa nuclear–.

–Essas metas são realistas?–, perguntou-se o líder da AIEA. Ele mesmo respondeu: –Creio que sim. Mas há três passos urgentemente requeridos. O primeiro é manter o material radiológico e nuclear fora das mãos de grupos extremistas. Em 2001, a AIEA, juntamente com a comunidade internacional, lançou uma campanha mundial para aumentar a segurança desse tipo de material. Em quatro anos, completamos talvez 50% do trabalho. Mas isto não está sendo rápido o suficiente, pois estamos correndo contra o tempo–, disse.

Conforme Elbaradei, a segunda medida é estreitar o controle sobre as operações de produção de material nuclear que possa ser usado em armas desse tipo. E a terceira é acelerar os esforços de desarmamento. –Ainda temos oito ou nove países que têm armas nucleares. E ainda temos 27 mil mísseis. Um bom começo seria reduzir o papel estratégico dado a essas armas. Mais de 15 anos após o fim da Guerra Fria, é incompreensível que os principais estados nucleares operem com arsenais–.(The Independent, 12/12)