Dano ambiental com carvão mineral em SC foi imenso
2005-12-12
Há uma razão adicional para o aumento da exploração do carvão mineral em Santa Catarina. E o motivo não está exclusivamente na sobrevivência de uma indústria com mais de 110 anos e com receita anual de R$ 450 milhões. Por mais polêmico que pareça, o aumento da produção de carvão pode servir como a única fonte de dinheiro capaz de colocar em marcha um plano amplo de recuperação ambiental da região sul do Estado. Quarenta anos de exploração do combustível, período no qual ajudou na produção de aço no Brasil, resultaram também num dos maiores passivos ambientais do País. Uma destruição de 5,5 mil hectares e de custo estimado em US$ 200 milhões. A exploração desordenada inutilizou parte de três bacias hidrográficas da região.
A Justiça já deu o veredicto sobre este desastre. Obrigou as carboníferas, a Companhia Siderúrgica Nacional e a União a recuperarem a região. Mas o conserto é lento. A missão está entregue ao Núcleo de Meio Ambiente do Sindicato das Indústrias da Extração de Carvão do Estado de Santa Catarina (Siecesc). Cleber Baldoni Gomes coordena as primeiras intervenções. A principal: evitar que a mistura de enxofre e ferro, presente no rejeito do carvão, tenha contato com a água.
A indústria diz que ou o setor cresce, ou dificilmente terá capacidade econômica para resolver a questão.
— A solução deste problema passa pelas garantias de que a atividade irá continuar - diz Gomes.
Mensalmente, 3% do faturamento do setor é revertido para custear a recuperação e projetos ambientais. Porém, a rentabilidade de 1% da atividade carbonífera, que tende a melhorar com as novas opções de mercado, não é suficiente para a despesa.
Fernando Zancan, secretário-executivo do Siecesc, diz que a atividade tem de gerar recursos para custear o investimento em recuperação, mas ao mesmo tempo evitar novos impactos e, principalmente, investir em pesquisa para a abertura de novas minas. (O Estado de S. Paulo, 11/12)