Campanha contra barragens no rio Ribeira ganha novo impulso
2005-12-12
O Instituto Socioambiental lançou, em sua página na internet, uma campanha
desenvolvida por entidades e movimentos sociais do Vale do Ribeira (SP/PR)
contra a construção de barragens no rio Ribeira de Iguape. A mobilização visa a
informar quais seriam os impactos socioambientais decorrentes da implantação de
usinas hidrelétricas no Ribeira – atualmente o único grande rio não barrado do
Estado de São Paulo. Com textos, fotos e mapas interativos, a campanha apresenta
a riqueza natural e cultural do Vale do Ribeira e questiona os projetos de
hidrelétricas que ameaçam a região, tombada em 1999 como Patrimônio Natural da
Humanidade.
Desde a década de 1990, o ISA acompanha a ameaça de projetos de hidrelétricas no
Ribeira, tendo hospedado a partir de 2000 uma primeira campanha de mobilização e
informação, promovida pelo movimento ambientalista e entidades sociais da região.
Agora a nova campanha substitui esse conteúdo para atualizar dados e informações
sobre o Vale do Ribeira e sobre o processo de licenciamento ambiental das
barragens projetadas para o rio.
Os novos textos na página do ISA na internet descrevem as condições de vida das
populações que tradicionalmente habitam o Vale do Ribeira, como as comunidades
caiçaras, indígenas e quilombolas, e conta a história social e econômica da
região até os dias atuais. Traz ainda um histórico dos processos de
licenciamento ambiental dos projetos de barragem, principalmente o da usina
hidrelétrica de Tijuco Alto, cujo novo Estudo e Relatório de Impacto Ambiental
(EIA/Rima) está sendo analisado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (Ibama) desde outubro passado.
O próprio projeto de Tijuco Alto, também reformulado pela Companhia Brasileira
de Alumínio, é descrito e analisado em detalhes, assim como seus possíveis
impactos sobre os remanescentes de Mata Atlântica e as populações nativas, suas
terras e seus modos de vida.
Ao acessar a campanha, o internauta poderá realizar um passeio virtual
pelas três micro-regiões chamadas de Baixo, Médio e Alto Ribeira, conhecendo um
pouco mais da diversidade socioambiental de todo o vale. Outra ferramenta de
interatividade permite localizar os territórios quilombolas na região e simular
o alagamento das terras que seria provocado pelo enchimento dos reservatórios
das usinas.
O leitor poderá ainda avaliar os custos e benefícios da construção de barragens
no Ribeira e saber, por exemplo, que a energia gerada por Tijuco Alto seria toda
destinada àprodução de alumínio de uma empresa privada e não para o
abastecimento público. Uma seção de perguntas e respostas e outra de notícias,
produzidas pelo ISA nos últimos anos, completam o conjunto de informações sobre
a campanha. As organizações que encabeçam a mobilização acreditam que a
divulgação de informações é fundamental para que a população possa formar suas
opiniões e dizer se quer ou não a construção de barragens no rio Ribeira.
A campanha pretende fornecer subsídios para que tanto a população local – que
seria diretamente atingida pela construção das hidrelétricas – quanto os
cidadãos em geral, preocupados com o futuro de uma região tão rica em
sociobiodiversidade, tomem posição em relação ao futuro do Vale do Ribeira. E
tenham condições de decidir se aceitam que o Ribeira de Iguape, um bem público
seja utilizado para fins privados, em nome de um modelo de desenvolvimento
excludente e concentrador de renda, ou se optam por outro caminho, no qual o uso
sustentável dos recursos naturais e a permanência das populações tradicionais em
suas terras sejam valorizados. (Instituto Socioambiental, 09/12)