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2005-12-09
Enquanto crescem os casos de agricultores que já optaram pelo milho transgênico, mesmo que à margem da lei, muitos produtores gaúchos esperam que o plantio do cereal seja legalizado no Brasil. As variedades geneticamente modificadas à espera de liberação são promessas contra dois antigos problemas da lavoura: a lagarta do cartucho e o inço.

O inseto que se infiltra no coração do pé de milho ocorre em todo o Brasil e, segundo o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo Fernando Valicente, pode ser responsável por perdas de até 34%.

- Há propriedades em diversas regiões em que se fazem de 10 a 14 aplicações do veneno - exclama Valicente.

No Estado, o normal é de uma ou duas aplicações de inseticida, e as perdas nas lavouras atingidas variam entre 10% e 15%, diz Cláudio Doro, agrônomo da Emater de Passo Fundo. No entanto, não são raras as lavouras que demandam três ou quatro passadas para eliminar a lagarta, acrescenta Jorge Rodrigues, presidente da Comissão de Grãos da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).

Como o milho BT (transgênico) produz uma proteína que mata o inseto quando come a planta, esse trabalho seria eliminado com sua utilização.

- Como a lagarta do cartucho fica dentro da folha, é difícil atingi-la e às vezes temos de colocar o veneno em uma dosagem bem forte e ainda depois da chuva, que ajuda a matar (o inseto) - diz Rodrigues.

Mas a grande vantagem do milho Bt seria mesmo a produtividade, que nos Estados Unidos aumentou 5% e na Argentina, 10% com as lavouras transgênicas, conforme defensores da tecnologia. No Brasil, testes revelaram incremento de 24%, segundo o Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia. Já no milho resistente ao glifosato, o impacto é grande principalmente nos custos. Como na soja transgênica, o uso de variedades RR permite que o agricultor substitua a aplicação de herbicidas - que custam R$ 134, mais gastos operacionais, segundo a Farsul - por uma única passada de glifosato, cujo preço fica em R$ 17 por hectare.

É confiando nessas promessas que alguns produtores estariam investindo no milho transgênico contrabandeado da Argentina. Almir Rebelo, presidente do Clube Amigos da Terra de Tupaciretã, que aposta na biotecnologia, embora condene o uso de semente ilegal, diz que o produtor está cansado de esperar a legalização.
- O que nós queremos é ter nosso milho híbrido transgênico - afirma Rebelo.

É muito melhor do que o convencional Em Coqueiros do Sul, no norte do Estado, não é difícil encontrar quem plantou milho transgênico neste ano. Mesmo sabendo da proibição, pequenos produtores compraram a semente geneticamente modificada para experimentar.

Foi o caso de um agricultor de 56 anos que planta milho em sete hectares de sua propriedade. Em um hectare ele semeou o transgênico. Diz que comprou a semente em uma agropecuária do município, a R$ 240 a saca com 20 quilos.

A planta ainda está na fase de início de enchimento de grãos, mas o agricultor já está satisfeito com os resultados obtidos até agora.

- É muito melhor do que o convencional. O controle do inço é mais barato e mais fácil. Outra coisa, no transgênico, o veneno pode ser aplicado com o inço alto, no convencional não - disse.

O produtor ainda não tem os cálculos de quanto vai economizar na área com a semente não-autorizada, mas acredita que a economia pode chegar a 40%. Falou ainda que está plantando abóbora e soja no meio do milho transgênico, o que não pode fazer no convencional porque o defensivo tem efeito residual no solo:

- Tomara que isso seja liberado. No ano que vem quero aumentar a área plantada. Quem é contra o transgênico não sabe quanto o produtor gasta.

Onde quem manda é o mercado
No berço dos transgênicos, plantar ou não o milho geneticamente modificado é uma escolha. E o que pesa na opção dos agricultores do Meio-Oeste dos Estados Unidos - uma das mais importantes regiões produtoras - são as chances de mercado. Liberadas há uma década para o uso comercial, as variedades geneticamente modificadas, porém, ainda não tomaram conta de toda a área norte-americana.

No maior país produtor de milho, metade da produção é transgênica. Compradores como Japão e União Européia ditam regras e se mostram dispostos a pagar pelo produto convencional.

- Temos que oferecer aos consumidores o que eles querem - reconhece Steve Dennis, gerente de uma cooperativa de produtores no Estado de Illinois.

À frente da associação que movimenta por ano US$ 1 milhão, principalmente com milho, Dennis conta que os produtores da região estão empolgados com os resultados do milho BT. A variedade resistente ao inseto dispensa o uso de inseticida. Isso representa uma queda no custo de produção, apesar da semente ser mais cara do que a convencional.

Mesmo assim, os administradores da cooperativa mantêm uma estrutura direcionada para o alimento não-transgênico. Cerca de 10% da produção da cooperativa são exportados para União Européia, que exige o milho convencional. Mas o agricultor recebe um prêmio pela dedicação especial, que pode chegar a 5% sobre o preço praticado. O papel da cooperativa é garantir que a encomenda chegará ao cliente sem contaminações. O gerente não nega: existe um custo para manter a segregação dentro de um sistema controlado de transporte e armazenagem.

- Eliminamos riscos. Informamos aos produtores quais variedades não aprovadas e em quais mercados. E quando entregam a produção na cooperativa, eles devem nos informar a origem da semente - ensina Dennis.

O segredo deste negócio é direcionar a outra parte da colheita para o mercado interno e a outros compradores que aceitem o produto transgênico. Isso porque a tendência dos agricultores é pelo menos experimentar a variedade modificada.

No começo de outubro, em plena colheita, o agricultor Roan Adams, reconhecia que nesta safra o único motivo para não ter toda a produção com a variedade transgênica é o respeito à área de refúgio.

Atendendo a normas de biossegurança, os produtores de milho modificado precisam preparar uma espécie de cerca de proteção com a variedade convencional.

- A semente do milho transgênico é mais cara. O que eu economizo com a não-aplicação de herbicida, acabo gastando na semente. Mesmo assim, a tecnologia vale a pena - defende.

Para Adams, que há seis anos utiliza a semente transgênica, só o fato de estar livre do manejo com o inseticida já é uma vantagem. Mas ele também observou que a variedade teve bom desempenho, apesar da falta de chuvas. O prêmio pela variedade convencional não atrai esse agricultor.

- A diferença no mercado é muito pequena. Mas se posso trabalhar sem utilizar inseticida, tenho mais qualidade de vida - revela. (ZH/Campo & Lavoura, 9/12)

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