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2005-12-08
Das 62 unidades de manejo florestal no Brasil que possuem o chamado Selo Verde – ou seja, foram certificadas de acordo com os critérios estabelecidos pelo Conselho de Manejo Florestal FSC (Forest Stewardship Council) – apenas nove são exploradas por associações comunitárias.

A certificação é um processo não sai por menos de R$ 7 mil para os empreendimentos comunitários, conhecidos pela sigla Slimf (Small and Low Intensite Manage Forest ou Manejo Florestal de Pequena Escala e Baixa Intesidade). O dado foi fornecido pelo diretor de qualidade da empresa certificadora sueca SGS, com sede na África do Sul, Michal Brink, que está em Manaus participando da 4ª Assembléia Geral do FSC, aberta ontem (7).

O secretário estadual de Desenvolvimento Sustentável, Virgílio Viana, afirmou que a Agência de Florestas do Amazonas (Afloram) apoiará certificações em grupo, para diminuir o custo e viabilizar o aumento do número de associações comunitárias certificadas.

No Brasil, além a SGS, outras duas empresas privadas estrangeiras (a holandesa Skal e a norte-americana FCF) e uma organização não-governamental nacional (Imaflora) possuem autorização do FSC para fornecer o Selo Verde. No mundo todo, 15 empresas são certificadoras credenciadas. A SGS é a maior delas, responsável por 40% da área florestal certificada do planeta (que somam pouco mais de 67,1 milhões de hectares).

—A certificação é uma grande possibilidade de inclusão social-, declarou o presidente do Conselho Diretor do FSC no Brasil, Rubens Gomes. Ele representa a Rede Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), que reúne 602 sindicatos, associações comunitárias, cooperativas e organizações não-governamentais da Amazônia.

Gomes também coordena a Oficina Escola de Lutheria do Amazonas (Oela), uma organização não-governamental sediada em Manaus que se dedica ao ensino da construção de instrumentos musicais (lutheria) e de pequenos objetos de madeira decorados (marchetaria), utilizando apenas madeira certificada.

Os instrumentos musicais produzidos pelos aprendizes da Oela possuem certificação da cadeia de custódia (selo fornecido para o processo de beneficiamento da matéria-prima florestal). —Nós escrevemos projetos e captado recursos com financiadores internacionais para cobrir os gastos da certificação. O Selo Verde agregou valor ao nosso produto-, afirmou a instrutora de lutheria Antônia Francinéia Souza.

Hoje há 49 jovens entre 14 e 21 anos aprendendo lutheira na entidade – e outros oito que já concluíram o curso de 18 meses continuam freqüentando a Oela para confeccionar seus instrumentos. —A gente trabalha por encomenda. Há meses em que vendemos três violões, há meses em que não vendemos nada. Em média, produzimos oito instrumentos por mês, contou a instrutora.

Além disso, segundo Virgílio Viana, o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) planeja adotar o parecer de instituições certificadoras independentes autorizadas pelo FSC no processo de emissão de autorizações de planos de manejo.

Isso evitaria casos como as das duas empresas madereiras com Selo Verde no Amazonas – a Mil e a Gethal – que neste ano foram obrigadas a assinar termos de ajustamento de conduta com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para ter a exploração madeireira autorizada (já que não conseguiram comprovar a regularização fundiária da área onde atuam). (Agência Brasil, 7/12)

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