Catadores de material reciclável ganham terrenos
2005-12-08
Catadores de materiais recicláveis do Distrito Federal conquistaram mais uma vitória. Um convênio assinado nesta quarta-feira permitirá a concessão de terrenos públicos para a construção de galpões onde os trabalhos serão realizados. O acordo compõe o programa Lixo Limpo, criado pelo Governo do Distrito Federal, em outubro deste ano.
Há dois anos, o Movimento dos Catadores do DF luta para conquistar os terrenos. Sete cooperativas foram beneficiadas com a concessão dos lotes. Os galpões serão montados em Planaltina, Ceilândia, Taguatinga e Estrutural. As outras seis existentes no DF não receberão o benefício porque não estão com a documentação completa. Tão logo for resolvido o problema, poderão também ser incluídas no programa.
Além dos terrenos, o convênio vai permitir a criação de novas cooperativas.
— É tudo o que mais reivindicávamos. Agora, eles poderão ampliar e melhorar os negócios. Além de proporcionar a inclusão social - declara Delires Brun, assessora da Cáritas, entidade integrante do Fórum do Lixo e Cidadania do DF.
Brun afirma que esse era o incentivo que os trabalhadores precisavam para não desanimar e continuar aumentando os negócios.
— Agora, eles terão mais autonomia com estrutura própria. Antes, todo o material era armazenado em qualquer lugar e isso era um desestímulo. Eles se sentem mais empresários agora - comenta.
Pesquisa
Um diagnóstico nacional sobre a coleta seletiva foi divulgada nesta terça-feira pelo Ministério das Cidades. Segundo os dados, mais de 173 mil toneladas de materiais recicláveis foram recuperados em 2003. A média de catadores no Brasil é de 6,8 mil, nas grandes cidades.
Segundo o banco de cadastros do GDF, existem três mil catadores na capital federal. Estima-se, no entanto, que o número real seja de oito mil em que estão incluídos os não-cooperados e informais. O governo distrital afirma que um novo cadastramento será feito em breve.
A equipe do CorreioWeb não obteve retorno da coordenação do programa Lixo Limpo para mais informações sobre a produção e coleta seletiva de materiais recicláveis no DF.
Valores e respeito
Para a representante de Goiás do Movimento Nacional de Catadores, Rute Ribeiro de Sousa, 43 anos, essa é uma grande oportunidade para agregar ao produto o valor que ele merece. Há 20 anos realizando o trabalho, ela reafirma que lixo é algo descartável e que não presta.
— O que produzimos vêem de material reciclável e como toda arte merece o devido respeito - adverte.
A oportunidade não é só de crescer os investimentos. Mas também de ter o reconhecimento de tanto suor e dedicação.
— Só quando o meio ambiente deu o grito de socorro é que passamos a ser vistos. Além de reconhecimento, está na hora de sermos tratados com dignidade. Nosso trabalho é tão importante quanto qualquer outro - completa. (CorreioWeb, 07/12)