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2005-12-08
Sob pressão de outros países industrializados nas conversações sobre aquecimento global que ocorrem em Montreal, no Canadá, a administração Bush anunciou, nesta terça-feira (6/12), ter assinado um acordo com a coalizão de companhias de energia para construir o protótipo de uma planta de energia a carvão que não tem emissões poluentes.

O projeto, chamado Futuro Verde, tem sido planejado em etapas desde 2003. Mas o Departamento de Energia (DOE) informou que um acordo formal foi assinado com as companhias que contribuiriam com US$ 250 milhões dos custos totais, estimados em US$ 1 bilhão. Defensores do meio ambiente que presenciaram as conversações criticaram o anúncio, afirmando que o mesmo pretendia ser uma distração dos contínuos esforços feitos pela delegação americana para bloquear as discussões relativas a um novo comprometimento internacional voltado ao corte de emissões de dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa que os cientistas relacionam ao aquecimento global.

–Você está assistindo a 163 nações fazerem uma dança elaborada para tentar realizar progresso enquanto os Estados Unidos estão sentados no meio do caminho tentando obstruir–, afirmou Alden Meyer, representante da União dos Cientistas Engajados, um grupo que há muito tempo critica a abordagem do governo Bush com respeito ao clima.

–Está parecendo Charlie Brown com Lucy numa partida de futebol–, disse. –Toda hora, no último momento, os Estados Unidos caem fora–, acrescentou Meyer.

As conversações em Montreal estão ainda no primeiro capítulo de um esforço internacional visando a reduzir as emissões de gases de unidades estacionárias e dutos, as quais começaram em Toronto, emn 1988, numa conferência chamada Mudança da Atmosfera. Desde então, os cientistas da área do clima, com amplo consenso, têm relacionado o aquecimento global à tendência de aumento dos níveis de gases de efeito estufa na atmosfera.

O vínculo levou à Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática em 1992, mas tal tratado não estabeleceu limites associados às emissões. E enquanto as partes lutam para evitar a influência perigosa do clima sobre a humanidade, elas tropeçam, em definir o que é mesmo –perigosa–. O Protocolo de Kyoto, que entrou em vigor em fevereiro deste ano, é um adendo ao pacto com alvos relacionados, mas com limitada participação.

Ao passo que mais de 150 países ratificaram o acordo, apenas três dúzias de países industrializados estão sujeito a termos relacionando suas quotas de redução de emissões. O maior emissor do mundo, os Estados Unidos, não ratificou o acordo. E países de rápido crescimento, como a China e a Índia, continuam a insistir que não irão aceitar cortes nas suas emissões.

Também circulam no encontro de Montreal cópias de uma carta enviada ao presidente Bush, na segunda-feira (5/12), por doze senadores, incluindo dois republicanos, pedindo com urgência que a administração do governo norte-americano mude de tática.

– Os Estados Unidos deveriam, no mínimo, parar de bloquear ou obstruir tais discussões contra as partes da convenção, pois seriam inconsistentes com suas obrigações em andamento no tratado–, diz a carta, assinada pelos senadores Jeff Bingaman, democrata do Novo México; Olympia J. Snowe, republicana do Maine; Lincoln Chafee, republicano de Rhode Island; e 21 colegas.

Funcionários da administração Bush não responderam diretamente. Ao invés disto, referiram-se a declarações dadas em 2 de dezembro por Harlan L. Watson, o negociador norte-americano oficial dos Estados Unidos para a área de mudança climática. Watson disse que os Estados Unidos opõem-se a quaisquer novas negociações sob o tratado de 1992. creditamos que está bem encaminhada esta questão complexa através de um conjunto de programas e de iniciativas tecnológicas–, disse. (Fonte: The New York Times, 7/12)

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