Berço do movimento ecológico brasileiro, Porto Alegre será destaque hoje (07/12) na 4ª Conferência de Líderes Municipais sobre Mudança Climática, evento paralelo à 11ª Conferência das Nações Unidas sobre aquecimento global, que ocorre em Montreal, no Canadá.

O secretário municipal do Meio Ambiente, Beto Moesch, apresentará aos líderes de 189 países reunidos no centro de convenções Mont-Royal as experiências de preservação ambiental e redução da poluição atmosférica que põem a capital gaúcha no centro das discussões mundiais sobre como conter a elevação da temperatura do planeta. Porto Alegre foi escolhida como exemplo internacional pela Iclei (Local Governments for Sustainability), organização não-governamental criada com apoio das Nações Unidas para ajudar a solucionar os problemas ambientais das cidades. No encontro, que vai até amanhã, secretários municipais e prefeitos trocam experiências sobre como reduzir a emissão de gases poluentes causadores do efeito estufa.

- São nas cidades que se localizam os maiores problemas ambientais. Por isso, é preciso pensar globalmente e agir localmente-, afirma Moesch, que está em Montreal desde domingo (04/12).

Uma das vitrinas de Porto Alegre no encontro serão os projetos de arborização implantados na Capital. A prefeitura de Montreal, por exemplo, quer aumentar o número de árvores em grandes áreas de estacionamentos. E pode se espelhar no exemplo gaúcho: a Capital conta com uma lei municipal que obriga projetos de arborização em estacionamentos de shoppings e supermercados.

Na apresentação de Moesch, os 10 parques porto-alegrenses - três deles unidades de preservação ambiental - serão exibidos em fotografias. Uma das curiosidades dos participantes é saber como a população porto-alegrense influencia nas decisões ambientais da prefeitura.

- Antes de conceder uma licença para corte de vegetação, por exemplo, fazemos uma reunião com a comunidade do local para que ela tome conhecimento do empreendimento que está sendo realizado ali-, exemplifica o secretário.

O controle dos níveis de poluição em Porto Alegre é outro exemplo que chama a atenção dos participantes. Baseada em experiências de Curitiba (PR) e Bogotá (Colômbia), a prefeitura planeja pôr em prática o Projeto Linha Rápida, que evitaria que ônibus permanecessem parados com os motores ligados - expelindo CO2 - em terminais como o da Praça Parobé, no Centro.

- Essas medidas ajudam na manutenção do clima, na arborização e na permeabilidade do solo - diz o secretário.

Exemplo de Betim pode ser copiado pela capital gaúcha
O encontro foi aberto na segunda-feira pelo prefeito de Montreal, Gérald Trembley. Um dos primeiros exemplos apresentados foi de Londres. A prefeitura da capital britânica, que se orgulha de ter amenizado o problema da poluição gerada pelos veículos, enfrenta outro desafio: mais de 70% dos gases poluentes emitidos na cidade são provenientes da calefação dos edifícios - em Porto Alegre, por exemplo, esse percentual equivale à emissão de CO2 pelos veículos.

Um dos exemplos que despertou a atenção do secretário - e que pode ser implantado em Porto Alegre - é a maneira como Betim (MG) combate a poluição sonora. Na cidade mineira, o proprietário de um bar ou restaurante que esteja violando os índices de poluição sonora é levado a uma delegacia de polícia - e só é autorizado a reabrir seu estabelecimento depois de responder à Justiça. (ZH, 07/12)