Representantes de 60 países debatem manejo madeireiro certificado
2005-12-06
Começaram ontem (05/12) em Manaus (AM) os debates dos chamados grupos de
interesse formados pelos cerca de 320 delegados e observadores da 4ª Assembléia
Geral do Conselho de Manejo Florestal – FSC (em inglês, Forest Stewardship
Council ). – São cerca de 20 temas paralelos, entre eles como melhorar o manejo
de florestas plantadas e como assegurar que empresas que estão usando também
madeira não-certificada tenham controle sobre a origem dela. Esses debates em
grupos menores contribuirão para a assembléia geral-, explicou Sandra Martines,
responsável pela comunicação do encontro.
A assembléia será iniciada amanhã (07/12). As discussões em plenária e votações
de linhas de prioridades para o FSC nos próximos três anos irão até sexta-feira
(09/12). Sete em cada 10 dos 320 inscritos são delegados (participantes com
direito a voto). Eles representam madeireiras certificadas, organizações
não-governamentais e associações comunitárias de 60 países.
Esta é a primeira vez que a assembléia acontece fora do país-sede: as duas
primeiras foram realizadas no México e a última na Alemanha (país-sede atual). –
O Brasil possui a floresta tropical mais importante do mundo. E, apesar de a
situação não estar como gostaríamos, os governos aqui são favoráveis ao
desenvolvimento sustentável-, justificou o presidente do Conselho Diretor do
FSC no Brasil, Rubens Gomes.
O FSC surgiu em 1993, por iniciativa de 26 países que buscavam promover o
diálogo entre os setores econômico, social e ambiental sobre as boas práticas de
manejo (madeireiro e não-madeireiro). Hoje, o conselho reúne membros de 66
países dos cinco continentes. A entidade é responsável por elaborar critérios e
padrões de certificação das unidades de manejo florestal e das indústrias
processadoras (cadeia de custódia). No mundo todo, são pouco mais de 67,1
milhões de hectares de floresta certificada em 65 países – quase metade dessa
área está localizada na Europa.
No Brasil, o FSC foi criado em 2002. Hoje, há quase 3,6 milhões de hectares de
floresta com o chamado Selo Verde , manejadas por 62 empresas e grupos
comunitários localizados no Acre, Amazonas, Rondônia, Pará, Mato Grosso, Minas
Gerais, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. Além disso, 182
indústrias processadoras no país possuem a certificação da cadeia de custódia.
– Nós estamos passando por uma grave crise de marcos regulatórios, que está
impossibilitando o caminhar desse processo. Mas há boas perspectivas para o
manejo certificado no país-, afirmou Gomes. Um dos entraves legais ao aumento da
área manejada no Brasil é que a maior parte das florestas é de terras públicas,
cuja exploração por particulares só pode acontecer por processo de licitação
(que não inclui fatores ambientais na concorrência e limita o prazo dos
contratos a cinco anos).
O projeto de Lei 4.776, que trata da Gestão de Florestas Públicas, já foi
aprovado pela Câmara dos Deputados e está em tramitação no Senado. Ele institui
a chamada concessão florestal: autorização a particulares para utilizar, de
forma sustentável, os recursos florestais em áreas públicas durante um prazo
máximo de 40 anos. (Agência Brasil, 05/12)