Manaus sedia evento para decidir novos rumos da certificação florestal no Brasil e no mundo
2005-12-06
Os novos rumos da certificação florestal em nível mundial estão em discussão
desde ontem (05/12) até o dia 9 em Manaus, no Hotel Tropical Business,
durante a Assembléia Geral do Forest Stewardhip Council ou Conselho de Manejo
Florestal - mais conhecido pela sigla FSC. O Brasil, que detém um terço das
florestas tropicais do mundo, é o primeiro país a sediar uma assembléia geral da
organização internacional fora de sua sede, na Alemanha. Cerca de 250 pessoas de
55 países participam do evento, que está se iniciando com reuniões técnicas temáticas
e segue com a apresentação e votação das moções, concluindo com visitas de campo.
Do Brasil serão cerca de 30 participantes de ONGs ambientais, movimentos sociais
e empresas do setor florestal que já obtiveram a certificação. O selo verde FSC
atesta a origem do insumo florestal no produto e constitui uma garantia de que a
matéria-prima provém de uma floresta manejada conforme os mais elevados padrões
ambientais, sociais e econômicos, bem como em cumprimento com todas as leis
vigentes.
– A certificação FSC é um instrumento para manter em pé a floresta e tem efeito
modernizador no setor florestal, trazendo com isso grandes benefícios ambientais,
sociais e econômicos para o país e a sociedade como um todo-, diz Denise Hamú,
secretária geral (CEO) do WWF-Brasil. – Ao agregar valor ao produto florestal
resultante de práticas sustentáveis, o selo verde FSC significa uma oportunidade
para que as comunidades tradicionais da Amazônia mantenham sua cultura e estilo
de vida e, ao mesmo tempo, tenham acesso a melhores condições de vida, de
trabalho e de renda-, observa Luís Meneses, coordenador do Programa Amazônia do
WWF-Brasil, que está representando a entidade no evento, juntamente com Mauro
Armelin, coordenador de Políticas Públicas; Estevão Braga, técnico de
desenvolvimento de mercados para produtos de origem sustentável; e Regina
Vasquez, assessora de Comunicação. O WWF-Brasil desenvolve diversos projetos em
prol do manejo florestal sustentável e da certificação FSC, integra a câmara
ambiental do FSC Brasil e é vice-presidente de seu Conselho Diretor.
Segundo Ana Yang, secretária executiva do FSC-Brasil, várias questões
estratégicas para o Brasil estarão em pauta no evento: certificação e mercado, a
questão da floresta tropical e a das florestas plantadas, as questões sociais na
certificação, e o papel do Estado, entre outras . Na assembléia será também
apresentado o planejamento estratégico do FSC para os próximos 10 anos.
Dez anos depois de sua criação, o FSC atingiu cerca de 67 milhões de hectares de
florestas certificadas em todo o mundo (dados de novembro de 2005). No Brasil,
são 3,5 milhões de hectares certificados (dos quais 1.264.785 hectares são de
floresta natural da Amazônia). As unidades florestais certificadas no Brasil
pertencem a 62 organizações, incluindo tanto o manejo empresarial quanto o
comunitário. E o número de organizações com certificação da cadeia de custódia
(que rastreia o insumo florestal do produto final até a árvore de onde foi
retirada a matéria-prima) chega a 185 no país. Os produtos brasileiros com o
selo verde FSC incluem livros, papel, lápis, embalagens, móveis, portas, janelas,
pisos, objetos de decoração e utilidade doméstica, diversos produtos derivados
de madeira para a construção civil, casas pré-fabricadas, instrumentos musicais,
talheres e ferramentas com cabo de madeira, vassouras e pincéis, carvão vegetal
para churrasco, e também não-madeireiros, como óleos essenciais (para uso
farmacêutico, cosmético e alimentício), jarina (marfim vegetal), couro vegetal
(feito da borracha), erva-mate, palmito, fitocosméticos e fitoterápicos, entre
outros. (WWF-Brasil, 04/12)