Mercado de orgânicos mira nas exportações
2005-12-06
Tanto na produção quanto na adesão de novos produtores, o mercado brasileiro para alimentos orgânicos vem crescendo a uma média de 25% ao ano ao longo dos últimos dez anos. É uma onda forte, que veio para ficar e tem beneficiado, sobretudo, produtores dos três Estados da Região Sul. Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná são, ao lado de São Paulo e do Maranhão, os maiores produtores desses alimentos no País. Juntos, esses cinco Estados concentram 75% dos 19 mil produtores brasileiros que cultivam alimentos sem a utilização de agrotóxicos nem de fertilizantes químicos.
O interesse que a produção de orgânicos vem despertando nos Estados do Sul tem uma explicação clara. Por suas características e pelo cuidado que as culturas orgânicas exigem, pode-se dizer que elas foram feitas sob medida para a agricultura familiar. Como o campo da Região Sul é dominado pelas propriedades menores, o casamento é perfeito.
— A agricultura orgânica tem um forte componente social - afirma o coordenador de Agricultura Orgânica da Emater/PR, Iniberto Hamerschmidt. — É praticada por famílias de produtores em áreas de 3 hectares, em média.
Isso gera, segundo o técnico, mais renda e mais emprego no campo. Hamerschimidt é o autor de um estudo que aponta em 1.200% o crescimento da produção de orgânicos no Paraná ao longo das últimas oito safras.
O volume de recursos que a comercialização desse tipo de alimento vem movimentando é considerável e tende a aumentar ainda mais. Estima-se que o mercado mundial para os produtos orgânicos gire em torno de US$ 30 bilhões – mas a participação do Brasil no bolo ainda é modesta. Maior produtor de alimentos do mundo, o País fica com apenas US$ 250 milhões desse bolo. Desse dinheiro, US$ 150 milhões são obtidos com as exportações. Estados Unidos, Japão e Comunidade Européia são os principais clientes e têm demandado produtos que vão das commodities – como a soja, o milho e o café – até frutas processadas. As possibilidades de crescimento daqui por diante são enormes.
Se, pelo lado da produção, essa atividade concentra um grupo expressivo de pequenos produtores, pelo lado do processamento é cada vez mais visível a presença de grandes empresas nesse mercado. Companhias como a Nutrimental, Rio de Una, Tozan, Ecoçúcar e 8Th Sea, do Paraná, estão industrializando produtos com certificado de origem orgânica. (Sem o certificado, nenhum produto é considerado orgânico no mercado mundial.) É uma tendência mundial, que o Brasil acaba de descobrir. (O Estado de S. Paulo, 05/12)