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2005-12-06
Um dos maiores parques de geração eólica do mundo está em construção desde o início de novembro em Osório (RS) e vai virar referência internacional. Será o marco da entrada do Brasil no clube dos países que produzem em escala comercial energia elétrica captada do vento. Onze usinas já estão em operação no Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais, Santa Catarina e Paraná, mas são pequenas, de caráter experimental, e podem gerar só 28,6 megawatts (MW). A usina gaúcha vai entrar em operação em dezembro de 2006 com 150 MW de potência instalada e produção já vendida para a Eletrobrás por 20 anos.

Pela potência, Osório é comparável a usinas hidrelétricas de porte médio. É energia suficiente para abastecer dois terços do consumo residencial de uma cidade como Porto Alegre, com 1,4 milhão de habitantes. A instalação do parque é um investimento de R$ 674 milhões da empresa Ventos do Sul S.A., sociedade formada pela Enerfin Enerventos (do grupo espanhol Elecnor), pela Wobben Windpower (subsidiária da alemã Enercon) e pela brasileira CIP Consultores Internacionais.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiou R$ 105 milhões e um consórcio entre Banco do Brasil, Santander, ABN Amro, BRDE, Banrisul e Caixa RS, mais R$ 360 milhões.

O parque eólico de Osório é a soma de três parques contíguos, denominados Sangradouro, Osório e dos Índios. Cada um terá 25 torres de 98 metros de altura (equivalentes a um prédio de 33 andares), com rotores de três pás de 35 metros cada, formando diâmetros de 70 metros, com capacidade individual de geração de 2 MW. O conjunto muda a paisagem de acesso ao litoral norte gaúcho e já anima tanto o secretário estadual de Energia Minas e Comunicações, Valdir Andres, quanto o prefeito de Osório, Romildo Bolzan Junior.

Para Andres, a viabilização de um projeto eólico pode puxar outros. O Rio Grande do Sul está identificado pelo Atlas do Potencial Eólico Brasileiro como um dos Estados com maior disponibilidade de ventos adequados à geração de energia.

Nos padrões mínimos exigidos, velocidade de 7m/s a uma altura de 50 metros durante pelo menos um terço das 8.760 horas de um ano, o Rio Grande do Sul poderia ter parques gerando 15,8 MW, volume equivalente a 11% do potencial brasileiro.

O Estado tem mais dois projetos eólicos aprovados pelo Programa de Apoio Financeiro a Investimentos em Fontes Alternativas de Energia (Proinfa), para geração de 70 MW em Tramandaí e de 7,6 MW na localidade de Palmares, também em Osório. Ambos dependem de definições técnicas a fechamento dos contratos de financiamento com o BNDES. Outros 21 projetos, num total de 960 MW, estão outorgados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e podem sair do papel na segunda fase do Proinfa, possivelmente em 2008.

— É uma energia inesgotável por natureza - comenta Andres, confiante no avanço da tecnologia que deve reduzir o custo da geração eólica no futuro, quando o potencial gaúcho poderá ser aproveitado.

Enquanto o secretário pensa na infra-estrutura estadual, o prefeito conta com aumento na arrecadação de impostos. Ele também acredita que parte dos 3,5 milhões de visitantes que o litoral recebe no verão vá parar na cidade para conhecer o parque eólico. Por isso conseguiu da Ventos do Sul ajuda para a construção de uma estação de informações ambientais e para projetos de recuperação de lagoas.

O presidente da Ventos do Sul, Telmo Borba Magadan, destaca que os 15 produtores rurais que estão cedendo terrenos para a construção das torres e para vias de acesso ao parque também terão uma fonte de receita, o aluguel, contratado por 35 anos, sem deixarem de suas atividades. A construção vai gerar 500 empregos diretos. (O Estado de S. Paulo, 04/12)

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