Vegetação abundante evita estiagem em Joinville
2005-12-05
Mesmo em época de estiagem, Joinville está livre da seca. A vantagem está na abundante Mata Atlântica que contorna a maior cidade do Estado. A vegetação faz com que a água evaporada do oceano que retorna como chuva sobre a faixa continental permaneça mais tempo no solo, ao invés de escoar logo de volta para o mar, como ocorre em regiões onde a concentração de mata é escassa.
A água absorvida pelas plantas evapora e faz chover novamente sobre o continente. Este é um dos fatores que contribuem também para a chuva freqüente na cidade.
— Não é o único fator, mas contribui - disse a engenheira sanitarista Virgínia Grace Barros, autora da pesquisa.
Os dados estão na sua tese de doutorado apresentada na última semana, na Universidade da Região de Joinville (Univille). A conclusão do trabalho servirá de alerta para a necessidade de preservação da Mata Atlântica, disse a pesquisadora.
Virgínia, que foi aprovada e recebeu o título de doutora em Ciências Ambientais, confirmou também o que pescadores da região já suspeitavam: o grande acúmulo de matéria orgânica, provocado pelo despejo de esgoto na Baía da Babitonga, reduz a oxigenação da água próximo ao continente, atrapalha o desenvolvimento de espécies que dependem do mangue e diminui a oferta de peixe.
Baía da Babitonga tem fontes de água doce
Durante a pesquisa foi descoberta, ainda, a entrada de água doce por baixo da Baía da Babitonga em diversas nascentes.
Elas foram descobertas por acaso e serão estudadas a partir de agora, para verificar a qualidade da água (se está contaminada ou não), o que permitiria o uso desta água.
O projeto da doutora para este segundo estudo já foi aprovado e também será custeado pelo governo italiano.
As pesquisas realizadas até agora foram custeadas pela Univille, em parceria com a prefeitura de Joinville e com o governo da região de Vêneto, na Itália.
Este é o primeiro doutorado internacional concedido pela Univille. É também o primeiro doutorado da Universidade Ca Foscari, de Veneza fora da Itália.
A instituição italiana tem parceria com a catarinense. Professores-doutores de universidades de Barcelona, Oxford, e São Paulo também participaram da avaliação de Virgínia, além dos professores da Univille e da Universidade de Ca Foscari. (Diário Catarinense, 05/12)