Mais de 40% das áreas de preservação permanente estão degradadas
2005-12-05
Mais de 40% das áreas de preservação permanente (APPs) estão degradadas, pelo menos nas regiões Sul e Sudeste. Esse é o resultado de um levantamento feito pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), que tenta mapear o que universidades, governo e organizações civis não fizeram até agora: quanto existe de APPs no Brasil e quanto já foi degradado. Segundo o Conama, cerca de 27% da área estudada deveriam ser preservados permanentemente, por estar em topos de morros e na margem de cursos dágua, por exemplo. Só que 43% desses locais já estão degradados, principalmente por causa da agropecuária.
O estudo é apenas uma coleção de pesquisas realizadas no Brasil nos últimos anos e não integra nenhum método absoluto nos dados: como cada pesquisa aplica um protocolo diferente, é impossível considerar a média numérica. Tampouco há um conjunto suficiente de pesquisas para formar peso quantitativo: até agora, apenas 16 foram reunidas, das quais somente três visam à região Norte. Porém, o trabalho tem o mérito de ser o primeiro do gênero, lançado em um momento em que se discute, dentro do próprio Conama, uma flexibilização do uso de áreas de proteção permanente.
— O levantamento tinha como finalidade tornar mais clara a situação atual das APPs - explica o diretor do conselho, Nilo Diniz.
Apesar da falta de precisão, o resultado tem seu mérito por um motivo: prática. O que se vê no Sul e no Sudeste, após séculos de superexploração, é igual ou pior ao índice obtido pelo Conama. Em São Paulo, por exemplo, a mata foi retirada para dar espaço ao café, cana-de-açúcar e, depois, pecuária. O resultado é que poucos terrenos hoje têm a vegetação preservada. Para reverter a situação, primeiro é preciso determinar exatamente a causa da degradação, suprimir o problema e, então, partir para a recuperação.
E antes de fazer contas é preciso que mais iniciativas como a do Conama, de mapeamento das APPs, sejam incentivadas.
Novos satélites de monitoramento da Terra devem ser usados, com a definição de padrões para unificar as pesquisas feitas daqui para frente. E a única bibliografia que existe sobre o tema é a própria resolução que determina o que é área de preservação permanente. Enquanto isso, Nilo Diniz diz que vai reunir mais pesquisas. Faltam dados sobre cerrado, Amazônia e zonas alagadas, ressalta.
— Os manguezais são áreas quase sem estudo - comenta. (A Notícia, 05/12)