(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2005-12-05
— Sou neta e continuadora do trabalho de Roessler. É assim que Maria Luiza Roessler, 60, se autodefine. Apaixonada pelo avô, com quem diz ter convivido todos os dias até os 18 anos de idade, quando ele morreu, escreveu O Homem do Rio – paisagens de uma paixão (Editora AGE, 1999, 144p.), uma biografia íntima de Henrique Luiz Roessler.

É um livro que traz informações que vão além da trajetória de ecologista, descrevendo o lado familiar. — Era um homem simples, sem ambições materiais, mas muito determinado. Tinha horror a ociosidade e nunca o vi se queixar de dor ou cansaço. Só tomava uma aspirina eventualmente, conta Maria Luiza. — E ficava horas escrevendo um texto, fosse um artigo para o jornal, fosse um carta.

Além de contar a história do avô, a neta também é ativista na defesa pelo meio ambiente. Apreendeu com Roessler, por exemplo, que as plantas vivem, sentem, sofrem. Hoje ela participa de algumas ONGs, principalmente das que surgiram por influência direta do trabalho de Roessler: a União Protetora do Ambiente Natural (UPAN), de São Leopoldo, e a Agapan, de Porto Alegre.

Polivalente, atua contra os maus-tratos e o abandono de animais, pára carroças na rua, participa de debates na Câmara de Vereadores e na Prefeitura. — O vovô fazia um trabalho diferente, mais de ação, fiscalização -, lembra. Ela ainda arranja tempo para escrever. Além das crônicas, lançou seu primeiro romance este ano. E ainda dá aulas de música, sua profissão.

O esforço compensa. Ao receber uma placa da Fepam (Fundação Estadual de Proteção ao Ambiente Natural), em homenagem a seu trabalho de difusão da obra de Roessler, durante a Semana Comemorativa aos 15 anos da Fepam e 50 anos da UPN, ela se disse surpresa e alegre com a grande quantidade de jovens que estão aderindo à causa ambiental.

— Antes só conhecia meu pai e meu avô como defensores do meio ambiente. Mas cada vez mais gente está participando desta luta-, comemorou. Além de Upan e da Agapan, a própria Fepam é herdeira de Roessler, tanto que leva seu nome e o tem como patrono. O pioneiro é ainda uma referência para todo o movimento ambiental gaúcho. — Em todas reuniões, de uma forma ou de outra, ele é lembrado -, relata a neta.

Para alguns, mais do que isso. Em Novo Hamburgo, por exemplo, a principal ONG ecologista leva o nome Movimento Roessler para Defesa Ambiental. Foi fundada em 1978 para acompanhar ações relacionadas com o ambiente natural no Vale do Sinos. Uma delas trata da criação e manejo do Parque Municipal Henrique Luiz Roessler (Parcão).

O ex-presidente da Agapan, Celso Marques, defende a tese de que o movimento ambientalista gaúcho tem raízes e características próprias graças a figuras como Henrique Luiz Roessler. —Ele foi um visionário, tinha uma intuição assombrosa, percebeu coisas que estavam fora do horizonte daquela coletividade -,afirma. Marques lembra que o Estado é o único do Brasil onde a caça é regulamentada e que essa foi uma bandeira de Roessler, que a Agapan segue até hoje, não sem desgaste.

Livro de crônicas é relançado
Em comemoração ao seu 15º aniversário, a Fepam promoveu em novembro uma programação para destacar e lembrar a ação pioneira de seu patrono, Henrique Luiz Roessler. Na abertura, o Santander Cultural foi palco do relançamento de O Rio Grande do Sul e a Ecologia – uma seleção de crônicas de Henrique Luiz Roessler. O evento marcou também os 15 anos da Fepam e os 15 anos do Núcleo de Ecojornalistas.

O livro reúne os cerca de 300 textos de Roessler publicados no Correio do Povo, de 1957 até 1963. Há vinte anos não era reeditado. Sai agora com edição da Fepam, tiragem de 5 mil exemplares e distribuição gratuita e dirigida: 3 mil para escolas estaduais, 500 para os municípios, 500 para bibliotecas do Estado. Os outros mil foram divididos para públicos específicos, como a família Roessler, o NEJ, o Consema e promoções da Fepam.

A obra estava esgotada – não era publicada há 20 anos. A neta de Roessler recebia pedidos de gente de todo o Estado querendo comprar um exemplar. Mas as últimas unidades estavam bem guardadas no apartamento de Augusto Carneiro, que dizia não ter mais. — Depois da publicação ele me confessou que ainda tinha alguns -, revela Maria Luiza Roessler.

Ela batalhou por quatro anos para que a Fepam fizesse uma nova edição. — Agora estamos sem verba, quem sabe daqui a algum tempo -, diziam. Até que Cláudio Dilda assumiu a presidência da Fundação e a edição saiu, com o texto no original, o que inclui até acentuação gráfica antiga.

— E tem material para mais uns cinco livros de crônicas-, calcula Maria Luiza Roessler, que no final de 2002 doou o acervo para o Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul.

Crítica ao desleixo das autoridades
A primeira edição de O Rio Grande do Sul e a Ecologia foi lançada em 1984 pela Agapan, que organizou e publicou os artigos. Diz o prefácio, assinado pela diretoria da Associação na época – Augusto Carneiro, José Truda Pallazo Jr. e João Batista Santafé Aguiar:

— Seus comentários e análises do problema florestal foram uma crítica aos desperdícios, à imprevisão, à má administração e ao desleixo das autoridades para com as áreas naturais. Denunciou negociatas do Serviço de Proteção aos Índios em Nonoai, Guarita, Rio Ligeiro, Cacique Doble, revelando fatos estarrecedores acontecidos em 1961 com as então abundantes reservas florestais ali existentes.

Momento de reflexão
Além do evento no Santander Cultural, O Rio Grande do Sul e a Ecologia – crônicas escolhidas de um naturalista contemporâneo também foi lançado no centro de São Leopoldo durante a Semana Roessler. Foi em 16 de novembro, data que marca o nascimento do pioneiro e também o Dia do Rio.

O ato teve um culto ecumênico ecológico à beira do Rio dos Sinos, em frente às ruínas da casa onde morou o ecologista, reunindo lideranças de órgãos ambientais, ONGs, estudantes e representantes dos credos religiosos locais. Houve a apresentação do coral da Fepam e um momento de reflexão, como pregava o velho Roessler.

— O homem moderno não tem mais tempo para meditar. Seu interesse máximo é enriquecer o mais rapidamente possível. Não tem mais tempo para procurar contato com a mãe natureza, que cura todos os males. (Crônica de Roessler publicada em 1961 – Bicho estúpido e feroz).
Por Guilherme Kolling

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -