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2005-12-02
Henrique Luiz Roessler nasceu em Porto Alegre em 16 de novembro de 1896. Logo pequeno, foi viver em São Leopoldo, onde fez história ao se tornar o pioneiro da ecologia no Rio Grande do Sul e no Brasil. Sempre morou nas proximidades do Rio dos Sinos, que defendeu até sua morte, em novembro de 1963.

Formado em Contabilidade, profissão que exerceu durante alguns anos, dedicou a vida à proteção ambiental: enfrentou com determinação pescadores ilegais, madeireiros, industriais poluidores e caçadores clandestinos. As vezes exagerava no seu idealismo, como conta sua neta Maria Luiza Roessler, autora da biografia do avô.

Ela o descreve como um homem que, apesar de ser afável, gentil, de temperamento doce e amoroso, se transformava quando via agressões aos animais. Uma vez, pegou um homem batendo com violência no cavalo que o carregava. Roessler perguntou, ainda calmo, porque ele batia no animal. — Bicho tem que apanhar para obedecer e andar mais ligeiro-, respondeu o interlocutor. Roessler deu de chicote no pobre coitado, falando: — Viu, sem-vergonha, é assim que o cavalo sente.

De fato, o pioneiro se tornava um justiceiro, as vezes violento, quando via atrocidades contra o meio ambiente. Certa vez foi processado por agressão física, em Caxias do Sul. Ao dar com um sujeito que havia matado 40 sabiás e os exibia como troféu a quem passasse pela beira da estrada, puniu o assassino com 40 cacetadas de borracha. Antes de apanhar, o infrator também fora questionado, e respondeu com chacotas e desdém a vida dos passarinhos.

A atuação ambiental de Roessler foi oficializada em 1939, quando, aos 43 anos, ele se apresentou como voluntário e foi nomeado delegado florestal pelo Ministério da Agricultura – sem remuneração e sem prejuízo ao expediente burocrático que exercia na Delegacia Estadual dos Portos. Fiscalizava atividades como queimadas, caçadas e pescarias predatórias.

Coordenou a defesa das matas em todo o Estado, organizando um grupo de 440 guardas florestais. Os colaboradores, espalhados pelo Estado, cuidavam da caça e das florestas. Roessler também concentrou esforços no Vale do Rio dos Sinos, onde um grande número de curtumes poluía os cursos de água. Fazia constantes denúncias e chegou a aplicar multa em alguns curtumes, sem ter autoridade para isso. Foi afastado do posto e perdeu a credencial de fiscal do meio ambiente, em 1953.

A neta conta que seus inimigos descobriram na Constituição um artigo que proibia qualquer cidadão de exercer funções gratuitamente. Ao invés de calar-se, Roessler fundou, em 1º de janeiro de 1955 a União Protetora da Natureza, UPN, a primeira entidade ambientalista do Estado, em São Leopoldo.

A instituição, com sede na casa de Roessler dependia totalmente dele, que tinha ações pioneiras, mesmo em âmbito internacional.

A entidade completaria 50 anos em 2005, mas só durou até 1963, quando Roessler morreu. Antes, em 1957, aos 61 anos, ele começou a escrever crônicas semanais no suplemento Correio Rural, do jornal Correio do Povo. Foram mais de 300 textos, que tornaram seu trabalho conhecido, a ponto de ser referência para os fundadores da Agapan (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural). Entre os descritos, destaque para o juramento voluntário de proteção ao meio ambiente:

Juro solenemente, como filho do Brasil, orgulhoso de suas belezas e riquezas naturais, zelar pelas suas florestas, sítios e campos, protegendo-os contra o fogo e a devastação, fomentar o reflorestamento, conservar a fertilidade do solo, a pureza das águas e a perenidade das fontes e impedir o extermínio dos animais silvestres, aves e peixes.
Por Guilherme Kolling

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