Ambientalistas contestam empresas
2005-12-01
– A região do Pampa não é floresta e nem deve ser tratada como tal-, afirma Káthia Vasconcellos, do Núcleo Amigos da Terra. A fala da painelista do seminário Plantações Florestais no Rio Grande do Sul: Desafios e Oportunidades, realizado ontem (30/11) em Porto Alegre teve seu foco na defesa da biodiversidade da área, considerando também fatores importantes como a influência do clima para o ambiente.
O governo foi alvo permanente das críticas de Káthia, na mesma proporção ou até mais do que as empresas. – O que nos preocupa, de fato, é o discurso do governo, tanto o federal quanto o estadual. Estão incentivando uma atividade sem consultar a sociedade. Nem digo os movimentos ecológicos, mas as pessoas que serão afetadas-, afirma.
— Também me admira que uma empresa do porte da Stora Enso venha a público dizer que o cultivo de florestas é importante para a biodiversidade. Só se for a da Finlândia, porque, do Brasil, sabemos bem que não é-, ironiza Káthia, referindo-se ao comentário de Borges sobre os cuidados da Stora Enso com a biodiversidade local.
As críticas de Káthia ao governo devem-se à cassação do NAT no Conseman, na semana passada, tendo seu lugar, segundo a ambientalista, cedido para uma organização da sociedade civil ligada ao setor florestal. – Esse setor já está representado na Fiergs e na Farsul. Nós temos direito à representação e não vamos abrir mão disso-, avisa.
Por fim, um desafio: – Que transparência é essa da Stora Enso? Que transparência é essa que, quando veio para cá, ninguém ficou sabendo de nada, nem as outras empresas? O que estão escondendo de todos?
Florestamento tem parceiros no estado
A Ageflor (Associação Gaúcha das Empresas Florestais) também esteve representada, e seu presidente, Roque Justen, demonstrou a importância da entidade para ligar os interesses das empresas e da sociedade, fazendo com que a última perceba os benefícios do setor para o estado em nível não apenas nacional, mas mundial.
– Percebe-se que, atualmente, é necessário pensar no meio ambiente para continuar no mercado, e precisamos colocar o Rio Grande do Sul nesse meio-, afirma Justen, endossando as palavras do diretor de
Desenvolvimento da Stora Enso, João Borges.
Ambos ressaltaram as melhorias que o setor pode alavancar, como milhares de empregos na indústria moveleira, de celulose e papel.
O engenheiro agrônomo e consultor da Caixa-RS Floriano Isolan argumentou que o incentivo da instituição aos negócios, que vem acontecendo desde o ano passado com o Proflora (Programa de Financiamento Florestal Gaúcho Caixa-RS) acontece somente diante de certificações ambientais. – Fornecemos o financiamento depois de análises apuradas da Fepam com mapas e prazos para recuperação de áreas degradadas -, assegura.
Garantindo o apoio, lembrou o caso do arroz. – Quando o arroz chegou, todos contestavam. Hoje, é endeusado. Acontecerá o mesmo com as monoculturas. Será um desafio para o Rio Grande do Sul, mas vamos passar por cima disso para tornar o estado mais uniforme e diminuir as desigualdades sociais-, assegura.
Por Patrícia Benvenuti