Mobilização da sociedade surpreende ambientalista
silvicultura
zoneamento silvicultura
2005-12-01
A mobilização da sociedade civil, especialmente de ONGs, contra a monocultura do eucalipto no Estado foi uma surpresa para a presidente da Fundação Gaia, Lara Lutzenberger.
— Não houve toda essa repercussão na época do plantio do arroz, do milho e da soja, que também são monoculturas-, comparou a ambientalista durante o seminário. Só a soja tem 4 milhões de hectares cultivados no RS, e continua avançando, mas a polêmica gira em torno dos transgênicos. Enquanto isso, com seus 300 mil hectares plantados, o eucalipto sofre duras críticas, especialmente pela localização dos plantios, que se concentrarão no pampa, e também pela forma, monocultura.
— Talvez a reação seja diferente porque está havendo mais comunicação. Este é o quarto seminário desse assunto que eu participo este ano-, revelou Lara. Ela citou também o impacto na paisagem, já que o florestamento de eucalipto é bem mais visível do que outras culturas, ainda mais por verticalizar um ambiente composto por coxilhas, em sua maior parte.
Contribui também o avanço espetacular dos projetos – duas grandes empresas, Votorantim Celulose e Papel e Stora Enso revelaram que farão investimentos no Estado. A Aracruz deve confirmar sua nova planta ainda este ano. E o Governo do Estado faz questão de promovê-los, para mostrar que está atraindo investimentos. — Os riscos ambientais do eucalipto estão relacionados ao seu avanço desenfreado. Ou seja, depende se esses projetos são o apenas o começo ou o fim. Se for o começo, poderá descaracterizar o pampa, que faz parte da cultura secular do gaúcho. A pecuária sempre coexistiu com o pampa-, analisou.
Analisando uma possível ampliação exagerada da área para madeira, Lara prevê a diminuição da zona para o plantio de alimentos e para abrigar a riquíssima biodiversidade do pampa, que tem mais de 3 mil espécies, entre gramíneas, herbáceas e arbustos.
A presidenta da Fundação Gaia, Lara Lutzenberger, aproveitou o evento para destacar o que espera de governantes, empresários e das ONGs. — O Governo deve estabelecer limites, fazer um macrozoneamento e o licenciamento ambiental de toda propriedade rural que for cultivar eucalipto. As empresas podem apoiar a preservação da mata nativa e também ajudar no fortalecimento da pecuária, conciliando silvicultura e outras atividades. E a sociedade civil, ampliar seu espírito crítico, revisar seu nível de consumo e o esbanjamento.
Por Guilherme Kolling