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2005-12-01
O secretário de Planejamento Energético do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, anunciou durante o 1º Fórum Internacional do Carvão Mineral - Energia Segura com Responsabilidade Ambiental, no Rio Grande do Sul, que o governo federal pretende retomar a realização de pesquisas a fim de identificar novas reservas de carvão no Brasil. A iniciativa seria feita nos moldes do que acontece hoje com os inventários de bacias hidrográficas.

Segundo Zimmermann, estudos preliminares apontam para a existência de reservas no Pará e no Maranhão. Na visão do secretário, o aumento da oferta necessária para o país, entre os anos de 2010 e 2015, é da ordem de 6 mil MW, equivalente à metade da hidrelétrica de Itaipu.

— O carvão certamente ganhará seu espaço na matriz energética brasileira não só por desejo nosso, mas também por necessidade - garantiu.

Na avaliação do secretário de Energia, Minas e Comunicações do Rio Grande do Sul, Valdir Andres, a iniciativa pode significar o embrião de uma política efetiva de uso do carvão na matriz energética. Enquanto atualmente o carvão responde por cerca de 1,5% da matriz, a criação de uma política carbonífera pode alçar a presença do insumo a um patamar de 5%, inicialmente, o que corresponde a aproximadamente 4 mil MW.

— Só os quatro projetos que estão localizados no Rio Grande do Sul implicarão num investimento de até US$ 2,5 bilhões - contou. As plantas em questão, que somam 1,8 mil MW, são as usinas Seival, Candiota III, CTSul e Jacuí. Estas, mais a termelétrica Usipec, em Santa Catarina, estão habilitadas para participar do leilão de energia nova, marcado no dia 16 de dezembro - no caso de Jacuí, a habilitação é condicionada, mas com grandes chances de obter a definitiva na Empresa de Pesquisa Energética.

Segundo o secretário, as usinas a carvão terão preço altamente competitivo na licitação. Andres afirmou que o estado está à disposição do MME para colaborar com quaisquer ações que venham a incentivar o uso da fonte no país. O secretário afirmou também que torce para existirem novas reservas de carvão em outras regiões do país, o que pode ajudar na instituição da cultura do insumo existente hoje apenas no Sul do país. O estado responde por 89% das reservas conhecidas nacionais, equivalente a 32 bilhões de toneladas.

— Se fossem gerados 15 mil MW, teríamos reservas de carvão por 100 anos - observou.

Dentro da agenda em prol do carvão, Andres pretende encontrar-se com o secretário de Energia, Indústria Naval e Petróleo do Rio de Janeiro, Wagner Victer, a fim de agradecer todas as declarações de apoio do dirigente fluminense à adoção do carvão como fonte de geração, além de traçar ações conjuntas pela implantação do modelo carbonífero

Já o secretário-executivo do Sindicato da Indústria da Extração de Carvão do Estado de Santa Catarina, Fernando Luiz Zancan, destacou que o leilão de energia nova abriu uma janela de oportunidade para a fonte. Para ele, a retomada nas pesquisas por novas reservas ajudarão a conhecer o potencial existente no Brasil. Zancan destacou que os estudos de novas reservas foram suspenas em 1982 e os programas de pesquisa e desenvolvimento, para novas tecnologias, deixaram de ser fomentadas por volta de 1984.

Para o secretário do Siecesc, a retomada dos investimentos em P&D auxiliará na adoção de uma matriz menos poluente. Zancan expôs dados apresentados no Fórum, que apontam para a movimentação de 1,4 trilhão de euros, até 2030, no investimento de usinas novas e no retrofit (modernização) de plantas existentes. Ainda de acordo com ele, nos Estados Unidos, os programas de P&D movimentarão US$ 2 bilhões em 10 anos, com foco no desenvolvimento tecnológico para redução de partículas poluentes.

Zancan observa ainda que o país tem demanda para implementar até 500 MW/ano de projetos novos, com a regulamentação de artigos previstos na lei 10.438/2002. Zancan disse esperar que a proposta de análise da política para o carvão seja feita em uma reunião do Conselho Nacional de Política Energética prevista para acontecer até janeiro, conforme prometido pelo ministro Silas Rondeau.

Na visão do secretário, o carvão pode ser uma alternativa ao gás natural, sujeito às situações institucionais da Bolívia e à variação excessiva de preços. Nos EUA, segundo ele, o preço do gás, hoje, é de US$ 11 por milhão de BTU, tendo chegado a US$ 14 por milhão de BTU, na ocorrência dos furacões Katrina e Rita. (Canal Energia, 29/11)

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