Inpa reúne maior patrimônio da biodiversidade amazônica
2005-12-01
Berço de um patrimônio sócio-cultural que desperta o interesse e a cobiça de muitos países, a Amazônia é objeto de pesquisas e de trabalhos desenvolvidos em todo o mundo, nas mais diversas áreas. Ao longo de muitos anos, boa parte desses conhecimentos foi sendo armazenada e catalogada com o objetivo de preservar e utilizar racionalmente a fonte geradora de todos esses dados, os seres vivos. Calcado nesta idéia, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), instituto vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), investe, há cerca de 50 anos, na formação e manutenção de suas Coleções Científicas que, atualmente, reúnem mais de cinco milhões de exemplares de nossa fauna e flora.
As Coleções do Inpa estão organizadas em três áreas: Botânica, Microbiologia e Zoologia. Segundo o pesquisador Célio Magalhães, a área de Botânica reúne o Herbário (acervo de plantas), a Xiloteca (acervo de madeiras), a Carpoteca (acervo de frutos) e a Palincoteca (acervo de pólen); a de Microbiologia engloba as coleções de microorganismos de interesse medicinal e agrossilvicultural; e a de Zoologia, que abrange as coleções de aves, de mamíferos, de peixes, de répteis e de anfíbios, e de invertebrados.
Célio Magalhães, que é o curador do acervo de Invertebrados, destaca que esse sistema de curadoria foi desenvolvido sob a iniciativa dos próprios pesquisadores do Inpa face à diversa e ampla demanda de informações a serem processadas.
— À medida que se desenvolvia pesquisas e trabalhos de coleta de materiais em campo, surgia a necessidade de se manter amostras do material biológico que era coletado e estudado pelos pesquisadores e colaboradores do instituto - explica.
Cada coleção é uma fonte estratégica de dados, que permite o intercâmbio de conhecimentos com diversos centros científicos e universidades do mundo inteiro. As coleções do Inpa são consideradas, junto às do Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG/MCT), em Belém, como sendo um referencial no estudo sobre a região amazônica.
— Cada informação coletada e armazenada nos acervos é um registro documental de determinadas épocas e regiões - destaca Magalhães, referindo-se às mostras de fauna e flora obtidas durante os processos de coleta e que ajudam a revelar a composição biológica de determinada localidade.
Para elucidar o emprego desse recurso na avaliação do ecossistema, o pesquisador utilizou como exemplo o caso da construção da barragem de Tucuruí, localizada no rio Tocantins, a 250 quilômetros de sua foz, construída na década de 80. Exemplares de animais e plantas encontrados anteriormente ao início das obras são importantes instrumentos de avaliação do impacto da construção ao meio ambiente e às espécies nativas da região.
— Além disso, cada mostra poderá ser uma base para comparação com estudos desenvolvidos no futuro - observa Célio Magalhães.
Banco de Dados Como forma de disponibilizar todo o conteúdo reunido nas coleções científicas, o Inpa está agilizando a informatização dos bancos de dados de cada acervo. O Herbário, por ser o mais antigo, já está em fase de conclusão. Em contra-partida, o de Invertebrados ainda passa por dificuldades no processo de registro das espécies, devido ao número e à própria metodologia de organização destas.
— No acervo de Invertebrados, cada inseto alfinetado representa um lote e pela variedade e quantidade de exemplares contidos no acervo, o processo de organização torna-se muito demorado. Diferentemente do processo de classificação dos peixes e dos caranguejos, por exemplo, cujos lotes são formados por vários animais da mesma espécie, colhidos no mesmo local, dia e evento de coleta - destaca a pesquisadora Lúcia Py-Daniel. Portanto, os programas de registro e os métodos de informatização variam de acordo com o próprio acervo e refletem a fase de conclusão em que se encontra cada um.
Descartando esses problemas técnicos previsíveis, a meta, segundo aponta Célio Magalhães, é implantar um Portal das Coleções. As consultas poderão ser realizadas no site do Inpa. (INPA Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, 30/11)