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2005-12-01
As 158 famílias de assentados de Nova Querência, localizado no município de Sidrolândia e a 72 km de Campo Grande, inauguraram terça-feira a primeira fábrica esmagadora e produtora de óleo de mamona em Mato Grosso do Sul. O presidente da Associação dos Produtores Familiares de Nova Querência, Francisco Hélio, explica que a capacidade do maquinário instalado é para produzir 2 mil litros de óleo por dia (nas 24 horas), porém hoje, com a produção de 5.000 kg de mamona, serão extraídos cerca de 2.500 litros de óleo. A princípio, os associados venderão o óleo para Minas Gerais. Por enquanto, Hélio comenta que não foram feitos contatos com compradores de dentro do Estado.

No assentamento, cerca de 80% das famílias plantarão mamona. De acordo com Hélio, com a produção e a venda do óleo, a renda mensal familiar que hoje gira em torno de R$ 300, deverá ultrapassar R$ 1 mil. Atualmente, a renda das famílias vem da produção de 5.000 litros de leite por dia. No local não são produzidas outras culturas de subsistência. Hélio ressalta que, além da venda do óleo, que hoje está em torno de R$ 4,80 o litro, a pasta que sobra do esmagamento, chamada de torta, é usada como adubo. Também a borra que fica depositada nos tonéis onde é armazenado o óleo para filtragem é vendida a fabricantes de sabão.

Com a próxima safra da mamona, será necessária a instalação de tonéis para armazenamento do óleo. – Agora que já ultrapassamos a primeira etapa, que é a mais difícil, daqui em diante será mais fácil-, frisa Hélio, referindo-se à compra dos tambores.

Começo
Hélio conta que o projeto surgiu depois de os assentados plantarem a mamona para vender a pessoas que prometeram comprar toda a produção. Quando chegou a hora da colheita, os assentados não tinham a quem vender. – Eles falharam conosco-, desabafa Hélio. A partir daí, os próprios assentados resolveram plantar e produzir o óleo. – Agora somos produtores-pesquisadores. Vamos plantar, colher, moer e vender o óleo-. O projeto para implantação da fábrica veio de parceria com pesquisadores e da UCDB, que orientou e acompanhou o processo de instalação.

Produção
Há cerca de um ano, especialistas de mercado apontaram o potencial de Mato Grosso do Sul para a produção de mamona ou outros tipos de oleaginosas. Cada hectare plantado rende cerca de mil litros de biodiesel – em um milhão de hectares, o Estado poderá produzir até um bilhão de litros. Em todo o Centro-Oeste, existem cerca de 20 milhões de hectares.

Além do aquecimento da economia e da oferta de empregos, abre também outra oportunidade de ganho para o produtor, com os subprodutos dessa extração, como a glicerina e o farelo. (Correio do Estado, 30/11)

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