Portugal faz concurso para produção de energia com biomassa
2005-12-01
O secretário de Estado do Desenvolvimento Rural e das Florestas de Portugal, Rui Gonçalves, revelou ontem (30/11) que o governo pretende lançar no início de 2006 o concurso público para produção de 150 megawatts de energia elétrica em centrais de biomassa florestal.–As centrais de biomassa (que transformam os resíduos florestais em energia elétrica) deverão ser construídas em zonas de grande produção florestal, onde exista um elevado risco de incêndio ou em locais com problemas de sanidade florestal–, disse Rui Gonçalves.
O secretário de Estado falou aos jornalistas após uma demonstração de colheita e processamento de biomassa florestal na Herdade de Espirra, do Grupo Portucel, em Pegões, e na Herdade de Rio Frio, onde assistiu a uma demonstração dos –destroçadores– - máquinas que trituram a madeira proveniente da limpeza das matas transformando-a em biomassa de grande valor energético.
–Podemos ter aqui um ciclo virtuoso de utilização de recursos naturais que eram um problema, mas que nos podem ajudar a resolver outro tipo de problemas–, afirmou.
O secretário de Estado referiu também que a recolha de biomassa florestal vai contribuir para uma nova dinâmica na limpeza das matas e permite reduzir a importação de combustíveis fósseis e as emissões de dióxido de carbono para a atmosfera.
Quanto a eventuais incentivos para a construção de centrais de biomassa, Rui Gonçalves disse que estão previstos –apoios ao investimento, em termos da recuperação da biomassa florestal, através dos programas do Ministério da Agricultura, e apoios ao custo da energia, através do Ministério da Economia–.
A localização das novas centrais de biomassa florestal será definida pelo caderno de encargos do concurso público, mas tudo indica que haverá pelo menos uma no distrito de Setúbal, uma vez que se trata de um zona de grande produção florestal e uma das regiões afectadas pelo nemátodo do pinheiro bravo.
O nemátodo do pinheiro é um parasita que impede a produção de resina e acaba por provocar a morte das árvores infectadas. Este parasita foi detectado pela primeira vez na região de Setúbal em 1999, ao que se julga transportado em –paletes– e madeiras de embalagem, provenientes da Ásia. (Ecosfera, 30/11)