Pelo segundo dia, secretário de Serra faz protesto quase solitário em SP
2005-11-30
Pelo segundo dia consecutivo, o secretário municipal do Verde e Meio Ambiente, Eduardo Jorge, e um grupo de menos de dez ambientalistas participam de um ato em frente à Câmara de São Paulo, no centro da cidade.
O grupo protesta contra a demora na votação de dois projetos: a criação do Parque Natural da Cratera de Colônia e da APA (Área de Proteção Ambiental) do Bororé, ambos na zona sul.
Segundo os ambientalistas, aprovadas essas áreas, será impedido o crescimento desordenado na direção dos mananciais de abastecimento (Billings e Guarapiranga) e protegido um dos últimos remanescentes de mata atlântica da cidade, além de preservar a cratera, buraco de 3,6 km de diâmetro formado pelo impacto de um meteoro há milhares de anos - tombado pelo patrimônio histórico e hoje ameaçado pelo avanço da mancha urbana.
— Todos os vereadores dizem ser favoráveis aos projetos. Mas eles estão parados [desde maio] e nunca vão para votação. Por quê? - disse Jorge na segunda-feira (28).
Segundo a Folha apurou, até mesmo a bancada do PSDB - partido do prefeito José Serra, chefe de Eduardo Jorge - na Câmara Municipal estaria dividida em relação ao projeto.
Isso porque assessores do governador Geraldo Alckmin (também do PSDB) teriam alertado vereadores de vários partidos aliados que a aprovação da APA e do parque poderia atrasar o início das obras do trecho sul do Rodoanel - um dos principais projetos para 2006 de Alckmin, que, como Serra, é um dos tucanos mais cotados para disputar a sucessão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
— Não sei nada sobre esse suposto pedido político. O que me preocupa é a rápida pressão habitacional na zona sul nessas áreas ainda preservadas. Estamos perdendo tempo enquanto a mata vai sendo degradada - diz Jorge.
A assessoria de imprensa de Alckmin disse que o governador não é contrário à criação da APA nem do parque e que os dois não interferem nos projetos do Rodoanel. A assessoria informou ainda que Alckmin não fez interferência alguma na questão. (Folha Online, 29/11)