Medo do preço da energia atrasa pacto contra poluição em nove Estados americanos
2005-11-30
Com delegados de todo o mundo se encontrando em Montreal para o tratado de corte dos gases de efeito estufa, as negociações em torno de um pacto entre nove Estados do nordeste norte-americano prolongaram as preocupações com o fato de que o controle das emissões pode ser postergado devido aos elevados preços da energia.
Os novo Estados planejaram anunciar um acordo final sobre o plano nesta semana, coincidindo com o encontro em Montreal. Mas o governador Mitt Romney, de Massachusetts, um dos nove Estados participantes do acordo, encabeçou as discussões com relação ao prazo. Ele disse que estava preocupado que o plano de cortar as emissões de dióxido de carbono das plantas energéticas na região, e então reduzi-las a 10%, poderia elevar muito o custo da eletricidade e prejudicar negociantes e consumidores.
O governador Romney disse que sustentava algumas das providências do plano e que estava comprometido a reduzir a dependência dos Estados do petróleo estrangeiro. Mas insistiu que o plano tem controles quanto ao preço e que os operadores de plantas teriam que pagar para exceder as licenças de emissão sob o acordo, chamado Iniciativa Regional de Gases de Efeito Estufa. Isto permitiria a eles checar o rápido aumento dos custos de energia.
– Estamos vendo uma alta taxa de aumentos agora no custo da energia–, afirmou o governador Romney. – Em acréscimo a este problema, Ter um propósito apenas simbólico é algo que nossa comunidade de negócios não vai adotar –, acrescentou.
Esta seria a primeira ação cooperativa entre Estados da nação, mas seu impacto sobre a mudança climática seria limitado. Representaria, contudo um significativo desafio à administração Bush, que não apóia o tratado internacional para o controle dos gases de efeito estufa, e poderia aumentar a pressão por um programa nacional de redução das emissões.
O Estado de Rhode Island está preparado para seguir a liderança de Massachusetts em sua demanda por cobrir os preços, disse Jeff Neal, porta-voz do governador Donald L. Carcieri. Nova Iorque, que iniciou o plano em nível regional, e Nova Jersey, opuseram-se ao estabelecimento de tetos nos preços para as permissões de poluição. Argumentam que o teto não é necessário para proteger os consumidores e pode amortecer os incentivos para se desenvolverem alternativas mais limpas. Os outros Estados do pacto - Connecticut, Delaware, New Hampshire, Maine e Vermont – indicaram que têm vontade de seguir adiante com o controle dos preços.
O encontro de delegados em Montreal nesta semana deverá avaliar o progresso das tentativas de redução dos gases estufa desde que o Protocolo de Kyoto passou a vigorar efetivamente, em fevereiro deste ano, e deverá considerar as reduções daqui para a frente. –Seria um momento terrível para este acordo começar a dar errado–, disse Seth Kaplan, advogado da Fundação para Conservação da Lei em Boston. Ele esteve envolvido em negociações regionais desde que o governador George E. Pataki, de Nova Iorque, começou a iniciativa, há mais de dois anos e meio atrás.
Sob o pacto regional, um sistema de mercado poderia ser criado para o controle das emissões de dióxido de carbono, o principal gás de efeito estufa, para mais de 600 geradores elétricos localizados nos nove Estados. Cada um deles teria seu próprio teto de emissões, e as operadoras de energia teriam, cada uma, uma permissão para emitir determinados níveis de dióxido de carbono. Os operadores seriam encorajados a utilizarem as plantas mais limpas a fim de ficar sob os limites, e seriam livres para comercializar direitos de emissão. Cerca de 25% das permissões de poluição seriam vendidas ou negociadas de alguma outra forma para que as operadoras não excedessem os limites.
Os Estados recém completaram um novo estudo que concluiu que se surgir dinheiro do comércio da poluição pela venda de licenças para poluir ele será utilizado para a implementação de programas mais agressivos de eficiência energética. Mas o governador Romney disse que não viu esse estudo. (Fonte: The New York Times, 29/11)