Marketing para carvão gaúcho
2005-11-29
No esforço de atrair a atenção para o potencial do carvão gaúcho, o governador Germano Rigotto foi fundo. Mais precisamente, a 200 metros de profundidade, ao visitar uma das galerias da Mina Leão 2, que para ser ativada depende do leilão de energia marcado para 16 de dezembro. Ao fazer o gesto, Rigotto empenhou seu prestígio na solução de um impasse de mais de duas décadas.
Na mina, localizada em Minas do Leão, já foram enterrados US$ 70 milhões, em valores não corrigidos. Para que comece a produzir, serão necessários mais recursos, cujas estimativas variam de US$ 10 milhões a US$ 50 milhões. Isso ocorreu porque as obras de implantação, iniciadas em 1980, foram paralisadas em meados de 1984. A operação da mina depende da retomada da usina termelétrica Jacuí 1, também em compasso de espera há mais de 20 anos. Rigotto dedicou mais de seis horas à agenda ligada ao carvão.
- Nunca estivemos tão próximos de explorar o potencial do carvão. Não podemos ficar dependentes só das hidrelétricas - afirmou Rigotto.
Para chegar ao ponto da mina em que a estrutura existente permite observar um paredão com rocha e carvão misturados, o governador percorreu 2,5 quilômetros num caminhão adaptado para a descida por um plano inclinado, cujo primeiro trecho é muito íngreme. Por isso, o deslocamento é lento.
- Peguei a direção na metade do caminho - brincou Rigotto.
Propriedade da Companhia Rio-Grandense de Mineração (CRM), a Leão 2 está arrendada desde 2002 para a Carbonífera Criciúma. A companhia assumiu o projeto de conclusão de Jacuí 1 e quer oferecer a energia gerada no leilão de dezembro. No entanto, um contratempo com o trânsito em São Paulo fez a empresa perder o horário de entrega do protocolo. Até quarta-feira, conforme o presidente do conselho de administração, Alfredo Gazzolla, a Criciúma vai recorrer.
- Foi uma situação excepcional, mas estamos bem municiados para a defesa - disse Gazzolla.
Não há garantias de que o leilão tire os projetos do papel. Conforme Carlos Faria, diretor da Copelmi, uma das sócias do projeto Seival, o governo considera R$ 116 por megawatt (MW) um preço adequado para a venda da energia no leilão, mas as geradoras só consideram viável um valor mínimo de R$ 130. (ZH, 29/11)