Governo cuida para que impacto com construção de mega-usina de Estreito seja reduzido
2005-11-29
O Maranhão deverá ter em seu território a segunda maior usina hidrelétrica do mundo, a ser construída a partir do ano que vem no leito do Rio Tocantins, em Estreito. Esta usina é maior e com mais capacidade que a de Itaipú, no Paraná, na divisa do Brasil com o Paraguai. Mas, apesar dos benefícios que ela trará ao Estado e ao país, existe preocupação. Por determinação do governador José Reinaldo Tavares, representantes das Secretarias de Saúde, Meio-Ambiente, Segurança, Educação, Agricultura e Infra-Estrutura, monitorados pelos Secretários Carlos Amorim (Minas e Energia) e José Lemos, (Assuntos Estratégicos), se reuniram essa semana, no Calhau, para deliberarem ações que venham minimizar os impactos que serão causados durante a construção.
O projeto, de responsabilidade da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), Billington, Camargo Correia, Tactebel e Alcoa, que formam o Ceste (Consórcio Estreito Energia), com cooperação e apoio técnico do Governo do Estado do Maranhão -, deverá ter seus serviços iniciados a partir do mês de março de 2006, com previsão para se estender em, pelo menos, dois anos.
A UHE/Barragem do Rio Tocantins é o maior projeto nacional estratégico no setor energético em implantação no país e a segunda maior em processo de construção no mundo, só superada pela Usina de Três Gargantas, na China. Terá potência instalada em 1087 MW, com produção de 5.123.724 Mwh de energia elétrica, a qual será incorporada aos Sistemas Regionais Norte/Nordeste e Norte/ Sul, por intermédio da Rede Básica do Sistema Interligado Nacional.
De acordo com informações dadas pelo Secretário de Minas e Energia do Governo Estadual, Carlos Amorim, o megaprojeto será conduzido sob a supervisão e concessão do Ministério de Minas e Energia e da ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica, e terá investimentos privados da ordem de R$ 2,4 bilhões de reais, equivalentes a US$ 1 bilhão de dólares.
O investimento deverá trazer significativo impulso econômico a toda a região do Sudoeste maranhense, que compreende os municípios de Carolina e Estreito e, também de toda a região Leste do Estado do Tocantins.
— O Governo recebe este grande empreendimento como uma ação que vai contribuir para a melhoria do Estado, com aquecimento do mercado imobiliário, geração de empregos, surgimentos de novos negócios e os royaltys que o Estado tem direito - destacou Amorim, lembrando que a construção da Usina Hidrelétrica terá início tão logo o Ibama libere a área onde está prevista a instalação.
José Lemos, também presente na reunião, lembrou que a implantação da Usina Hidrelétrica é compromisso do Governo do Estado em oferecer melhor qualidade de vida aos moradores da Região Tocantina, Sul e Sudeste do Maranhão, dando apoio ao Consórcio e aos municípios que estão envolvidos no projeto.
— A implantação da Usina significa muito para o Estado e para todo o território brasileiro por este apresentar grande déficit energético. Do ponto de vista geral vai gerar energia e do ponto de vista do Estado vai gerar, além de energia, emprego e renda para muitos maranhenses - disse.
Preocupação – Uma das preocupações do governador José Reinaldo Tavares, segundo José Lemos, é com o forte impacto que a implantação da Hidrelétrica pode causar na região. Por este motivo a equipe multidisciplinar do governo tem enviado ao local, técnicos capacitados para fazerem os levantamentos que demandam a implantação do projeto. As ações impedirão o surgimento de problemas decorrentes do grande número de pessoas que passarão a freqüentar a área no decorrer do período de dois anos, tempo que hidrelétrica será entregue. Lemos destaca a preocupação do governador José Reinaldo com o desmatamento desnecessário, a mortandade de peixes, a redução do fluxo de água no leito do rio Tocantins, violência, doenças sexualmente transmissíveis, dentre outros problemas.
Lemos garante que o trabalho de conscientização teve início há alguns meses, com visita periódica à Região Tocantina de especialistas que, a convite dos prefeitos e de autoridades locais, proferiram palestras, reuniões específicas e encontros com objetivo de chamar a atenção da população para a mudança que chegará com o progresso. (Jornal Pequeno – MA, 28/11)