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emissões de co2
2005-11-29
Teve início nesta segunda-feira (28/11), em Montreal, no Canadá, uma conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) que vai discutir o futuro do combate ao aquecimento global após 2012, quando termina o período de vigência do Protocolo de Kyoto. Milhares de cientistas e representantes de 189 países estão comparecendo à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que deve durar doze dias.

O Canadá tenta a aprovação de uma proposta de combate ao aquecimento global que receba o apoio tanto de países que não ratificaram o protocolo de Kyoto, como os Estados Unidos como de nações em desenvolvimento. Os Estados Unidos já avisaram que devem se opor à proposta canadense.

–Não precisamos deles–, disse James Cannaughton, conselheiro-chefe do presidente americano George W. Bush para o meio ambiente, se referindo aos limites firmados para as emissões de gás carbono. –Muitas das iniciativas mais importantes (referente ao corte das emissões) aconteceram fora da esfera de um acordo–, explicou.

O Greenpeace disse que não faz sentido perder tempo pressionando a atual administração americana a engajar em um esforço global para a contenção do aquecimento global. –O erro que não podemos nos dar o luxo de cometer é permitir que os Estados Unidos mantenham o resto do mundo como reféns enquanto eles repetem o discurso de ações voluntárias–, disse Steve Sawyer, do Greenpeace.

Negociando em nome da União Européia, a delegação britânica pretende mostrar aos demais delegados que o controle de emissões de gases poluentes é um conceito que chegou para ficar. Eles defendem também flexibilidade para que os países em desenvolvimento concordem em reduzir suas emissões, desenvolvendo, ao mesmo tempo, suas economias.

Analistas acreditam que a conferência deve resultar em maior pressão sobre países em desenvolvimento como China, Índia e Brasil. O Protocolo de Kyoto, acordado em 1997, entrou em vigor apenas em fevereiro deste ano, graças em grande parte à oposição dos Estados Unidos, que alega que as metas de redução de emissão de gases poluentes teriam um efeito prejudicial à economia do país. O documento, assinado por 156 países, estabelecia metas de redução de ao menos 5% nas emissões de dióxido de carbono (CO2), o principal gás do efeito estufa, para 36 países desenvolvidos. Os demais países em desenvolvimento, apesar de serem encorajados a buscar reduções em suas emissões, não tinham metas estabelecidas pelo protocolo.

A oposição dos Estados Unidos, o maior emissor mundial de CO2, praticamente inviabilizou o cumprimento das metas estabelecidas para o controle global da poluição responsável pelo aquecimento global. Ao lado da Austrália, os Estados Unidos vêm buscando um acordo alternativo a Kyoto, alegando que o problema só deve ser discutido se houver uma garantia de que o desenvolvimento e o crescimento econômico não sejam prejudicados. A posição americana e australiana acabou ganhando força com uma nova diretriz do governo britânico, expressada pelo primeiro-ministro Tony Blair em entrevista no fim de outubro, de que um novo acordo é necessário para incluir também restrições às emissões de China e Índia, os dois países mais populosos do mundo.

Um relatório da Agência Internacional de Energia (AIE) publicado no início do mês indicava que as emissões dos gases do efeito estufa poderiam aumentar em até 52% até 2030 se não forem tomadas medidas para reduzir o consumo de energia. O relatório indicava também que as emissões de China e Índia, cujas populações somadas chegam a quase 2,5 bilhões e que apresentam crescimento econômico acelerado, tiveram um crescimento nas emissões de CO2 de 65% e 75%, respectivamente.

Apesar disso, as emissões per capita de ambos os países continuam muito menores do que as dos Estados Unidos. Os dois gigantes asiáticos, mesmo sem o estabelecimento de metas pelo protocolo de Kyoto, vêm investindo no desenvolvimento de tecnologias mais limpas.

Outra questão em discussão na conferência de Montreal e que pode afetar diretamente o Brasil deve ser uma proposta para que os países com grandes coberturas florestais recebam uma compensação financeira pela conservação destas áreas. Uma proposta para estabelecer esse tipo de compensação foi apresentada por Papua Nova Guiné e Costa Rica, dois países pequenos mas cujas áreas florestais estão entre as de maior biodiversidade no mundo.

Esta proposta tem a simpatia do governo brasileiro, que não declarou ainda, porém, seu apoio formal. Até agora, os países que manifestaram apoio oficial à proposta são Bolívia, República Centro-Africana, Chile, Congo, Costa Rica, República Democrática do Congo, República Dominicana e Nicarágua. (BBC, 28/11)

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