Quinze pessoas estão ainda desaparecidas em razão da explosão de uma mina de carvão na China. Com o acidente, o sistema de ventilação da mina falhou. Parentes de mineiros estão ansiosos e demandam acesso ao local. O número de mortos já é de134 pessoas.

A explosão ocorreu no sábado (26/11), na mina de carvão de Dongfeng, cidade localizada a nordeste da China, levando líderes a aumentarem esforços para incrementar regras de segurança nas minas. O acidente ocorreu ao mesmo tempo em que a grande cidade de Harbin recuperava-se de um vazamento tóxico que atingiu um rio e forçou o governo a cortar o abastecimento de água na região durante vários dias.

Equipes de resgate encontraram 74 mineiros vivos ontem (28/11). Conforme a agência de notícias Xinhua, uma equipe de resgate de 269 pessoas realizou os trabalhos de busca, mas não indicou quantos mais conseguiu salvar.

Do lado de fora da mina de Qitaihe, segunda-feira (28/11), uma fila de veículos de emergência estava com as luzes acesas, e sedans pretos do governo faziam trajetos de ida e volta, em uma entrada estreita que dá acesso à mina.

Agentes de segurança bloquearam o portal frontal enquanto dezenas de pessoas, que pareciam ser parentes dos mineiros, permaneceram do lado de fora, sob um clima rigoroso, quase polar. Quatro mulheres chegaram a discutir com guardas no local, pedindo para procurar seus parentes no interior da mina.

– Por que você não nos deixa entrar? – perguntou uma mulher. Quando os guardas recusaram-lhe o acesso, ela disparou com obscenidades.

Pessoas que falavam ao telefone nas imediações do escritório da mina informaram que o governo estava muito ocupado para dar informações. O desastre é mais um revés para oficiais chineses da área de segurança, que estão lutando para melhorar as condições de segurança nas minas de carvão do país, que são, de longe, as mais mortais do mundo, com mais de cinco mil fatalidades por ano envolvendo incêndios, inundações e outros acidentes.

A maior parte dos acidentes nas minas chinesas ocorre por não observação de regras de segurança ou por falta de equipamentos de ventilação ou de prevenção contra incêndios. Agentes do governo local são comumente acusados de ajudarem os donos ou gerentes das minas de violarem as normas de segurança.

Pequim tem revelado uma onda de iniciativas de segurança nos últimos anos. O governo local anunciou a criação de uma rede nacional de inspetores de segurança, padrões rígidos contra incêndios e redução da jornada de trabalho para os mineiros, a fim de que trabalhem com menos fadiga.

Autoridades informaram ter fechado mais de 12 mil minas de carvão neste ano, por medida de segurança. Milhares delas têm sido ordenadas a melhorarem suas instalações e muitas outras já fechadas deverão não reabrir.

O governo informou que a explosão em Qitaihe deveu-se à ignição causada pela queima de carvão. Mas não foram feitas referências sobre a possibilidade de envolvimento de erro humano.

A televisão governamental da província de Heilongjiang, em Qitaihe, deslocou-se para a área da mina avariada. Os membros do resgate levavam consigo máscaras de respiração e vestiam roupas alaranjadas.

– Não conseguíamos respirar –, disse um mineiro que estava ontem sendo retirado em uma maca.

O governador provincial, Zhang Zuoji, foi mostrado pela TV oficial visitando vítimas no hospital. A maioria dos mineiros retirados em macas ainda estava ontem com roupa de trabalho e com as faces sujas. O governador Zhang correu para Qitaihe após ter vindo de Harbin, a cerca de 350 quilômetros a oeste, onde estava havendo quase que uma festa por causa da restauração do sistema de abastecimento de água, suspenso depois de um vazamento tóxico de benzeno, dia 13/11 último, o qual atingiu as vizinhanças do Rio Songhua.

A série de desastres constrangeu o governo do presidente Hu Jintao, o qual prometeu melhorar as condições de vida da população mais pobre, que está alijada do processo de crescimento econômico da China.

O primeiro-ministro Wen Jiabao pediu com urgência aos oficiais do governo que ampliem a segurança, façam inspeções mais severas e apliquem punição aos violadores das normas de segurança. Mas, os esforços para fechar as minas de carvão perigosas têm complicado a vida do governo por causa das elevadas demandas por energia para melhorar a economia. A perda de trabalhos, especialmente em uma região pobre como a do nordeste é algo desestabilizador.

Também na segunda-feira (28/11), 18 mineiros desapareceram em um outro desastre em minas na província de Hebei, na região nordeste do país, depois da inundação ocorrida no subsolo daquela mina. (Com informações de EiTB 24, 28/11)