Data incentiva cuidado com Guaíba
2005-11-28
Dos 70km de extensão da orla do Guaíba na Capital, somente é possível banhar-se
em aproximadamente 5km, e ainda com atenção às placas que indicam as condições
da água. Para tentar reverter a má relação entre os porto-alegrenses e as águas
que banham a cidade, foi comemorado ontem (27/11) o Dia do Guaíba. Conforme a
lei 7767/96, o último domingo de novembro é reservado para a data. Além do
plantio de dez mudas de figueira, doadas pelo empresário Osni da Rosa, nas
proximidades do anfiteatro Pôr-do-Sol, o evento contou com exposições
fotográficas e ações de educação e conscientização ambiental.
O secretário municipal do Meio Ambiente, Beto Moesch, destacou a importância da
data para mobilizar a população. – É a oportunidade para refletir sobre a
situação. A cidade não existiria sem o Guaíba.- Relembrou a história de Porto
Alegre, que se desenvolveu de famílias de açorianos que se instalaram nas
proximidades do Guaíba.
As águas já eram importantes para a cidade, pois permitiam o escoamento de
produtos, mas em 1929 tornaram-se ainda mais, com a construção do porto. Com o
advento do transporte rodoviário, o Guaíba perdeu importância. A isso somou-se a
enchente de 1941, traumática para a população. – Com a concepção
desenvolvimentista, no mundo todo, os recursos hídricos passaram a ser vistos
como locais para dejetos.- O esgoto de Porto Alegre começou a ser lançado nas
águas, sem tratamento. – A orla, que era para ser valorizada, acabou como um
lugar sujo.-
Com mais consciência ambiental, o Guaíba volta a ser valorizado. Mas a boa
relação passa pela recuperação da mata ciliar e pelo tratamento do esgoto. Isso
não depende somente de investimentos públicos. A população precisa aprender a
não jogar lixo nas ruas e não colocar resíduos sólidos nos ralos e nas privadas
(inclusive papel higiênico). No próximo ano, deverá ser retomado o Projeto
Socioambiental, que prevê a ampliação do esgoto tratado em Porto Alegre. Hoje,
27% dos esgotos recebem tratamento. Há previsão de se chegar a 77% em sete anos.
(CP, 28/11)