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2005-11-28
A Conservação Internacional e a Ford anunciam na sexta-feira os vencedores da décima edição do Prêmio Ford Motor Company de Conservação Ambiental. O Prêmio destaca anualmente os projetos mais importantes realizados no Brasil para a conservação da biodiversidade e promoção do desenvolvimento sustentável. Cada um dos agraciados nas cinco categorias recebe a quantia de R$20.000,00.

Os premiados em 2005 são:
* Miriam Prochnow, na Categoria Conquista Individual;
* Cooperativa dos Citricultores Ecológicos do Vale do Caí (Ecocitrus), na Categoria Negócios em Conservação;
* Fundação Vitória Amazônica (FVA), na Categoria Ciência e Formação de Recursos Humanos;
* Organização Sertaneja dos Amigos da Natureza (SOS Sertão), na Categoria Iniciativa do Ano em Conservação;
* Núcleo de Educação Ambiental (Fala Cerrado), na Categoria Educação Ambiental.

O Prêmio Ford Motor Company de Conservação Ambiental, patrocinado desde 1996 pela Ford em parceria com a organização não-governamental Conservação Internacional, é considerado hoje o reconhecimento mais importante dessa área no Brasil. Ele ganhou prestígio não só pelo alto nível do corpo de jurados e transparência do processo de seleção como também pela credibilidade das instituições que o mantêm.

Este ano o corpo de jurados foi formado por Ademir Reis, da Universidade Federal de Santa Catarina, Eric Stoner, da Agência para o Desenvolvimento Internacional do Governo dos Estados Unidos (USAID), Jaqueline Goerck, da BirdLife International, Lúcia Chayb, da revista Eco 21, Míriam Éster Soares, do Ministério da Agricultura, e Reginaldo Constantino, da Universidade de Brasília.

— Todos os projetos inscritos são avaliados com base nos critérios de replicabilidade, inovação, criatividade, consistência dos resultados e repercussão para a conservação do meio ambiente e melhoria da qualidade de vida das populações atingidas-, explica Marcele Bastos, Especialista em Comunicação e coordenadora do Prêmio na CI-Brasil.

Nesses dez anos, o Prêmio Ford já contemplou 47 personalidades e entidades dedicadas às causas ambientais, com cerca de 1.300 projetos inscritos, vindos de todas as regiões do Brasil. A cada edição cresce o número de participantes. — Temos grande orgulho em fazer esse reconhecimento às pessoas que trabalham para criar e difundir formas alternativas de desenvolvimento, em harmonia com a natureza-, diz Antonio Maciel, presidente da Ford América do Sul.

Seu rol de vencedores inclui, por exemplo, o professor e cientista Adelmar Faria Coimbra Filho, a arqueóloga Niéde Guidon, o zoólogo Angelo Barbosa Machado, a engenheira agrônoma Maria Tereza Jorge Pádua, o almirante Ibsen de Gusmão Câmara, o agrônomo Alceo Magnanini, o jornalista Hiram Firmino, o professor Paulo Nogueira-Neto e o engenheiro florestal Paulo Ernani Ramalho. Entre as instituições premiadas figuram o Imazon - Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, Museu de Biologia Prof. Mello Leitão, Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais, Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Selvagens (Renctas), TV Cultura e Revista Terra da Gente.

— Mais do que um reconhecimento, o Prêmio Ford tem demonstrado nesses 10 anos que existem inúmeras iniciativas sérias, responsáveis e altamente positivas para a conservação da biodiversidade, sendo desenvolvidas nas diferentes regiões do país. O prêmio tem ajudado a divulgar essas iniciativas e esperamos que isso possa estimular ainda mais as instituições e a população na proteção ambiental no Brasil-, diz Luiz Paulo Pinto, diretor para Mata Atlântica da Conservação Internacional no Brasil.

Os vencedores:
PRÊMIO CONQUISTA INDIVIDUAL: Miriam Prochnow teve seu primeiro contato com as questões da natureza fazendo greves de fome quando seu pai voltava de caçadas, além de conviver com os jardins plantados pela mãe. Em 1987, foi uma das fundadoras da Associação de Preservação do Meio Ambiente do Alto Vale do Itajaí (Apremavi), em Santa Catarina, onde buscou dois caminhos complementares, o do ativismo e da prática conservacionista. Atuou em campanhas pela criação de unidades de conservação na Mata Atlântica e contra obras de grande impacto ambiental, como a Usina Hidrelétrica de Barra Grande. Junto com o marido, Miriam cultivou no fundo do quintal as primeiras 18 mudinhas de árvores nativas que, hoje, no viveiro da Apremavi, ajudam a produzir mais de 600.000 árvores por ano e servem para o desenvolvimento de várias experiências de desenvolvimento sustentável. Ela participa também da Federação de Entidades Ecologistas Catarinenses e da Rede de Ongs da Mata Atlântica.

PRÊMIO NEGÓCIOS EM CONSERVAÇÃO:
A Cooperativa dos Citricultores Ecológicos do Vale do Caí (Ecocitrus) criou uma usina de compostagem de resíduos agroindustriais que permite dar um destino adequado, tanto em termos econômicos e ecológicos como sociais, para os resíduos orgânicos de agroindústrias, contribuindo para a implantação de uma agricultura familiar orgânica em escala na região. A cooperativa trata e destina anualmente 60.000 metros cúbicos de resíduos de 25 agroindústrias, com uma produção de 30.000 metros cúbicos de composto orgânico e 25.000 metros cúbicos de biofertilizante por ano. O projeto transformou um problema ambiental e econômico, representado pelos resíduos das agroindústrias, em matéria-prima para uma agricultura limpa, que viabiliza o resgate e a sustentabilidade da agricultura familiar na região. Desde o início do projeto, a parceria com as empresas tem como base o estímulo à responsabilidade social e ambiental.

PRÊMIO CIÊNCIA E FORMAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS:
A Fundação Vitória Amazônica venceu o Prêmio pelo seu trabalho no Parque Nacional do Jaú (PNJ), uma das maiores unidades de conservação brasileiras, com 2.270.000 hectares, localizada na bacia do Baixo Rio Negro. O plano de manejo do Parque foi concluído em 1998. Em 1999, a Fundação Vitória Amazônica elaborou o projeto participativo Janelas para a Biodiversidade, que desenvolveu e aplicou uma metodologia de planejamento para inventariar, monitorar e disseminar informações sobre a biodiversidade local, fornecendo subsídios para o seu manejo. O projeto permitiu a identificação de 12 áreas focais no Parque, denominadas janelas, consideradas representativas e prioritárias para pesquisa, visando ampliar o conhecimento e o manejo da biodiversidade na unidade. Entre 1999 e 2002, pelo menos metade dos temas de pesquisa identificados foram implementados em campo, em sete das janelas identificadas. Os inventários biológicos abrangeram um amplo espectro de grupos taxonômicos e aumentaram substancialmente a abrangência geográfica das pesquisas no Parque Nacional do Jaú. Além de permitir a continuidade das pesquisas na região, o projeto tem grande potencial para ser replicado em outras áreas extensas de florestas tropicais na Amazônia.

PRÊMIO INICIATIVA DO ANO EM CONSERVAÇÃO:
A Organização Sertaneja dos Amigos da Natureza (SOS Sertão) foi premiada pelo Projeto Matinha, que representa uma nova alternativa de combate ao tráfico de animais silvestres. A organização atua por meio do contato direto com comunidades rurais beneficiadas pelo Programa Nacional de Reforma Agrária do Governo Federal, que já participam ou têm tendência a participar do processo de captura de animais silvestres em todo o Brasil. O projeto contribui para a conservação da fauna silvestre e garante a melhoria da qualidade de vida nos assentamentos, uma vez que gera emprego e renda junto com a conservação dos recursos naturais e possibilita a adoção de novas práticas que visam ao desenvolvimento sustentável.

PRÊMIO EDUCAÇÃO AMBIENTAL
O Núcleo de Educação Ambiental venceu o 10º Prêmio Ford pela criação do programa de rádio Fala Cerrado, que aborda assuntos voltados à realidade local de cada rua e cada bairro no entorno da cidade de Mineiros, em Goiás. Com informações que muitas vezes não aparecem na TV nem no jornal impresso, o programa contribui para a cidadania e oferece uma alternativa de educação para a população, de forma atrativa e com linguagem simples, utilizando a realidade e experiências vividas pela comunidade local. É um trabalho conjunto de animação, sensibilização e comunicação radiofônica, mostrando que a educação e a cultura são direitos de todos. (Com informações da Conservação Internacional)

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