Vinte e nove empresas e instituições da Região Sul do país foram vencedoras do 13° Prêmio de Expressão Ecologia 2005. A cerimônia de entrega deste ano voltou a ser realizada no Rio Grande do Sul, tendo como anfitriã a Companhia Petroquímica do Sul (Copesul), no município de Triunfo.

Os cases premiados, de um total de 101 inscritos, foram conhecidos na manhã de sexta-feira (25/11) no Parque de Proteção Ambiental da empresa com a presença de autoridades, como o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, Cláudio Langone , do Secretário Estadual do Meio Ambiente do Rio Grande do Sul, Mauro Sparta e de políticos e lideranças empresariais do Estado.

O Prêmio Expressão de Ecologia é uma promoção da Editora Expressão e mostra como algumas indústrias do sul do Brasil estão repensando o modo de produção utilizando os princípios da sustentabilidade para aumentar o prazo de validade do próprio negócio.

Os premiados do Rio Grande do Sul foram: AGCO, Marcopolo, Fras-Le, RGE, Refap e CEEE. No Paraná foram 10 as empresas vencedoras: Sanepar, O Boticário, Itaipu Binacional, ONG Planeta Azul, Café Iguaçú, Roberto Bosch Sistemas Diesel Ltda., Centro Federal de Educação Tecnológica, Klabin, Senai e Instituto Ecoplan.

O Estado de Santa Catarina foi o maior ganhador com 12 premiadas: Ceusa (duas vezes), Toresani, Embrapa Suínos e Aves, Colorminas, Big Timber, Hering, Artemis/Prosul, Bunge, Epagri, Instituto Ambiental Ecosul e a ONG Verde Vida foram as contempladas.

O representante da ministra Marina Silva lembrou que os trabalhos vencedores representam o universo de empresas e instituições que vão além do cumprimento da legislação ambiental em benefício da natureza. O empresário Valter Gomes Pinto, diretor da Marcopolo, agradeceu a premiação em nome do conjunto de vencedores e afirmou que o Prêmio Expressão de Ecologia é um incentivo a mais para as empresas investirem em ações ambientais que tragam retorno garantido para o negócio e para a sociedade.

Já o diretor-superintendente da Copesul, Luiz Fernando Cirne Lima, reconheceu que a indústria petroquímica representa um risco potencial para o meio ambiente e que o papel dos seus gestores é minimizar o impacto ambiental. Cirne Lima ainda lembrou a tragédia ocorrida semana passada na China com uma indústria petroquímica que poluiu a água de mais de 3 milhões de habitantes.

— Nós, da Copesul, já fomos agraciados em 1995 pelo Parque Copesul de Proteção Ambiental, um refúgio da fauna e flora que fica a um quilômetro da planta industrial e é monitorado cientificamente pela Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. A região possui, dessa forma, um significativo fórum para a reflexão e análise das questões ambientais-, disse.

Sobre o Prêmio O Prêmio Expressão de Ecologia foi criado em 1993, um ano após a Conferência Mundial do Meio Ambiente no Rio de Janeiro - Eco 92 - quando multiplicavam-se as barreiras comerciais não-tarifárias que cobravam dos exportadores uma correta postura ambiental. A Comunidade Européia oficializava o selo ecológico, sem o qual nenhum produto podia ser exportado para aquele cobiçado mercado - o Sul tem forte vocação exportadora e seus três estados costumam estar entre os cinco maiores exportadores brasileiros.
Cases
AGCO do Brasil Comércio e Indústria foi a vencedora na categoria Conservação de água com o case Gestão Sustentável dos Recursos Hídricos: Reúso de Água. A empresa de Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, modificou sua Estação de Tratamento de Efluentes, com a adoção de um sistema de Plantas Aquáticas Emergentes, que não usa produtos químicos e permite a reutilização da água tratada. Com a instalação do sistema na unidade de Canoas, a empresa está reciclando 1.602 metros cúbicos de água por mês para uso industrial, o que reduz o consumo de água potável de águas subterrâneas e de abastecimento público e, ao mesmo tempo, contribui para a conservação sustentável dos mananciais.

Na categoria Controle da Poluição - Setor Alimentício, venceu a Embrapa Suínos e Aves de Concórdia (SC) com a Diminuição do impacto ambiental da suinocultura por meio de boas práticas de manejo e tratamento de dejetos. Foi instalada uma Estação de Tratamento de seus dejetos para reduzir o impacto ambiental que a criação de 3.600 suínos causava na região próxima à unidade. Antes, os efluentes eram encaminhados a um sistema de tratamento de lagoas, que tinham a vida útil comprometida. Com a implantação do tratamento físico-químico e biológico houve a redução de 98% da quantidade de oxigênio consumido pelos microorganismos para oxidar os compostos orgânicos presentes nos dejetos.

A caxiense Marcopolo, ganhou na categoria Controle da Poluição - Setor de Montadoras com o trabalho Sustentabilidade – A busca do equilíbrio entre produção e meio ambiente. As carrocerias de ônibus contêm cerca de 8.500 componentes, fabricados a partir de diversos tipos de matéria-prima, desde plástico a ligas metálicas. Devido à mistura desses materiais, a Marcopolo tinha dificuldade em dar destino a todos os resíduos da produção. Para solucionar esse problema, a empresa desenvolveu uma Unidade de Processamento de Resíduos, que permitiu um controle maior para evitar a geração de resíduos, reaproveitar, reciclar e destinar corretamente os materiais gerados na produção. Entre 2000 e 2005 foram investidos cerca de R$ 4 milhões, mas a correta identificação e destinação dos resíduos já permitiu uma economia de R$ 2,4 milhões no mesmo período.

Já no Marketing Ecológico, quem recebeu a premiação máxima foi a catarinense Hering de Blumenau. Seu projeto foi criado pela escritora Cristina Marques com o objetivo de criar um círculo virtuoso de educação ambiental, cultura e responsabilidade social. Empresas parceiras do projeto cedem seu lixo reciclável, que é recolhido e vendido pelo Serviço de Água e Esgotos de Blumenau (SAMAE). O valor da venda do lixo é utilizado na impressão de livros infantis inéditos e de CDs de músicas infantis, que acompanham as coleções distribuídas nas escolas municipais. As crianças trocam lixo reciclável trazido de casa pelos livros e CDs. Cerca de 10 mil estudantes de todas as escolas municipais de Blumenau já foram beneficiados pelo projeto.

O Instituto Ambiental Ecosul de Garopaba (SC) venceu na categoria Bem-Estar Animal, em parceria com a Associação Vira–Lata, com o Projeto de educação ambiental, controle de zoonoses e bem-estar animal na aldeia Guarani. As ONGs atuaram na aldeia de índios guaranis, localizada no Morro dos Cavalos, em Palhoça (SC), onde vivem 127 indígenas e aproximadamente 100 cães e gatos. O grande número de animais possibilitava a proliferação de zoonoses e causava um desequilíbrio ecológico na região, uma vez que os cães e gatos tornaram-se predadores de animais silvestres. As equipes do Instituto Ecosul e da Associação Fundo Vira-Lata apresentaram o programa aos indígenas, orientaram-nos a respeito das zoonoses e sobre a saúde animal e cadastraram os animais da aldeia. Em seguida os cães e gatos foram tratados com sarnicidas e vermífugos, esterilizados e os animais subnutridos foram tratados. Ainda foram feitas palestras e oficinas de educação ambiental.
Por Carlos Matsubara