Argentina vive impasse quanto a suas reservas de urânio
2005-11-28
A Comissão Nacional de Energia Nuclear da Argentina (CNEA) e vários deputados advertiram sobre as conseqüências negativas que poderia ter sobre a Argentina o meteórico aumento do custo do urânio no mercado internacional. Também alertaram que as reservas argentinas se esgotarão em 17 anos, enquanto empresas estrangeiras começaram a explorar zonas mineiras visando a exportar esse mineral crítico.
Em 1998, quando o governo do presidente Carlos Menem suspendeu a produção de urânio nacional, o quilo desse mineral custava cerca de US$ 25. Hoje o país o está importando a US$ 86 dólares e já há quatro empresas estrangeiras que querem exportá-lo.
Em meio aos problemas energéticos que sofre a Argentina e ao aumento do petróleo, o aumento do preço do urânio em 350% está recuperando, ao menos em termos econômicos, o caráter estratégico que lhe foi retirado pelo menemismo no novo Código de Mineração.
O urânio é o combustível utilizado pelas centrais de Atucha I r Embalse Río III, e que utilizará Atucha II, quando entrar em funcionamento. Somente essas três centrais nucleares necessitam de 7,5 mil toneladas para sua vida útil, sem contar o consumo de reatores de pesquisa em equipes de medicina.
O secretário de Minas, Jorge Mayoral, disse que –a Argentina possui reservas suficientes para cobrir por completo a demanda de urânio para o funcionamento normal das centrais de Atucha I e Embalse durante a vida útil de ambas, e inclusive abastecer a Atucha II quando esta for colocada em operação–.
O deputado de Mendoza Daniel Esain apresentou um projeto de lei para a volta do urânio estratégico a essas unidades, em um caráter estratégico ao Código de Mineração, proibindo a exportação do mineral.
O deputado Esain quer que o Estado recupere os direitos exclusivos de exploração e exportação. Disse ter falado com os presidentes das comissões de Minas, Energia e Ciência Técnica para darem um tratamento rápido ao seu projeto.
Ao mesmo tempo, a CNEA faz gestões diante do governo de Mendoza para que permita a reabertura do complexo mineiro – industrial de Sierra Pintada, que o governo Menem paralisou em 1998, quando começou a importar esse mineral de países europeus. A CNEA enviou ao governador Julio Cobos um informe de mais de 1,8 mil páginas no qual cientistas independentes sustentam que essa mina a céu aberto –não contamina– o ambiente, informou um porta-voz do organismo. Mas o secretário do Meio Ambiente mendocino rechaça esses argumentos. (Clarín, 27/11)